terça-feira, 2 de junho de 2015

Solidão



SOLIDÃO

És um império
Mas também uma rotina
Rotina que não finda
De quem nada espera da vida

Tens um estar maldito
És um precipício
Grito aflito de agonia
Que me aperta o peito
Num silêncio barulhento 
Pensamentos de tanto querer
E não ter o que querer

Alimento-me dum vazio infinito
Onde habita tal frio
Que congela o coração
É um estar sentado
Sem ninguém ao lado
É vazio contemplado 

Ideias confessadas ao vento
Pérolas solitárias do pensamento
Tão carente...Tão carente
Sinto-me tão só
Sinto-me tão nua
Quero ser gente 
Como tantos outros 
E gritar a toda a gente 
O que sinto... 

Um desabafo quero somente
Partilhar frenesim de ideias
Dividir sonhos a meias
Cantar músicas inteiras

Quero-te comigo inteiro
Que não fiques só 
Até de madrugada
Faltas-me em minha cama
Não quero mais procurar-te
No cheiro duma almofada

Um cheiro sepultado
Com odor a maresia 
Não, não te quero assim
De ti... quero companhia
Quero amar e ser amada

Não quero ficar calada
Não te quero abandonar 
Nem ser abandonada
Não quero ser trapo sem serventia
Como monumento em ruínas
Com profundas feridas e estigmas
Dias e dias, sem palavras vividas
Como solidão acompanhada
Sem companhia

Até ontem

Ana Rosa

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