quinta-feira, 4 de junho de 2015

Bem me Quer



BEM ME QUER

Guarda contigo 
Um bocadinho de mim
E um bocadinho de ti também
Um bocadinho de nós dois
Na caixa da nossa infância
Não percas a chave
Está lá a nossa meninice
A nossa imensa felicidade 
De ser criança
O nosso estado de graça 
A nossa virgindade
Isenta de maldade

Nossos dias eram infinitos
Tão belos
Sem maldade
Sem vícios
Corríamos pela estrada
De terra batida
Em busca de esperança
Entravamos no jardim do Éden 
Comíamos doces frutos

Em nossas mentes
Não existia pecado original
Não se tinha ainda inventado
O que viria a ser o pecado
Tínhamos asas nos pés 
Nossas mentes viajavam nos sonhos
Não pensávamos no futuro
O ar era puro
Era inalado e expirado
Em forma de chama
Éramos os dragões 
Nas nossas histórias de encantar

Um malmequer me oferecias
Com toda a ingenuidade
E eu...
Procurava esperança 
Nas pétalas adivinhas 
Desfolhava folha a folha
Procurando ansiosamente
Por um bem me quer
Como se carícia fosse
Acreditava em tudo
Até que um malmequer
Tudo adivinharia
Aos poucos despia a flor
Como se minha alma despisse
Contava histórias da carochinha
Nessa altura, a minha desfolhada
Era uma inconstância
Própria da minha infância

Finda a desfolhada
Davas-me um tranquilizador sussurrar
Deixa lá, ... se o malmequer 
não te quer bem...
Eu quero!
Com um sorriso amigo 
Dava-te em troca um seixo do rio
E dizia-te que era mágico

O nosso querer
Era um espaço em branco
Imaculado.
Cada descoberta
Era uma festa de luz
Nada tínhamos de maldade
A vida por nós respirava
Abraçava-mos a infância
Correndo campos de milho
Procurando em todo o campo
A massaroca mágica dos beijinhos

Estado de felicidade e canduras
Subíamos no nosso imaginário
As escadas para o céu
Á porta pediam-nos uma senha
Uma senha de entrada
A senha era... "Bem me quer"
A senha era o meu desejo
De ao desfolhar essa bela flor
Me quisesses um bem querer

Até Ontem

Ana Rosa

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