terça-feira, 15 de setembro de 2015

Atos







Saudade





SAUDADE

A saudade,
É como onda à beira mar
Vai mas volta sempre...
Volta ao mesmo lugar!

Numa praia distante
Entregou-se ao seu amado
E pela primeira vez
Deixou-se amar

A saudade impede-a
De estar noutro lugar
Não deseja prosseguir
Nem questiona seu estar
Enquanto tiver lembrança
Daquela belo momento
E daquela forma de amar
Desejará sempre voltar

Até ontem

Ana Rosa




Néctar






Sem Opinião








segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Revelação





Menina da Trança Preta





MENINA DA TRANÇA PRETA

Menina da trança preta
Seu sorriso é uma prenda
Só de a olhar...
Acaba-se toda minha tristeza
Seu sorriso a faz pequena

Menina da trança preta
Lava seus cabelos
Com o brilho das estrelas
É pequena na sua beleza
Toda mulher é única
Na sua formosura
Mas bela, bela não há
Como a mulher portuguesa
Pequena...
Mas grande em destreza
Com coragem o trabalho enfrenta
Seu sorriso ilumina a aldeia inteira
Que me queira ela...
E não ficará solteira...

Alegre, faz as vindimas
Do seu estar não se lastima
Cacho a cacho
Enche a sua cestinha de uvas
Seu perfume com elas se mistura
Uva moscatel ou bastardo
Depois de bem fermentado
Dará um bom vinho
Ou um ótimo abafado

O cesto vai ficando pesado
Quanto melhor é a casta
Mais engrossa o cacho
Cacho algum ficará na parreira
Em si tudo tem preceito
Como a sua bela trança
Que sempre ao amanhecer
A faz muito bem feita

Depois do vinho fermentado
Dos restos dos engaços
Faz-se água ardente ou bagaço
Vai a ferver no alambique
Que só o cobre dignifica.
Espera-se que depois de feita
Licores de muitos sabores
De variados frutos os adocique.
Quem vindima a sua vinha
A natureza dignifica
A azáfama assim obriga
Espera-se... e vai-se bebendo
O antigo vinho velho
Que ainda se mantém no pipo
Chegará o dia tão esperado
Provar-se-á o novo vinho
No dia de São Martinho

Ao provar o novo vinho
Já na asa pesa um grãozinho
Espalha-se um perfume no ar
Há um bem-estar de beleza
A alegria está no ar e sem tristeza
Há amizade e amores a declarar

"Menina da trança preta
Se comigo quiser casar
Não irá ficar solteira!"
Com um arrojo de zombaria
--- Ai, ai que sorte a minha!
--- Não, não!...
--- Tua parreira tem muita parra
--- Mas muito pouca uva!...

Até ontem

Ana Rosa




Entrega





ENTREGA

O amor é uma entrega total
Tudo se entrega a quem se ama
Entrega-se o pouco e o muito
O bem e o mal
O anonimato e a fama

Nada disto se encontra no leito
Se não for encontrado antes
Esta entrega pode ser fatal!
O amor exercido no leito
É só uma entrega carnal!...
No leito expurga-se a carne
Mas jamais a alma
Só com essa satisfação carnal
Não se mantem a união num casal
É necessário encontrarem-se
No entendimento da alma...
Ou nada restará
Passado algum tempo

Até ontem

Ana Rosa