segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Coisa nenhuma





Coisa nenhuma

(...) Na hora negra e grave,
quando o mundo sobre nós pesa
Duvidando de tudo,
até de nossa própria presença na terra!
A cada ponto final, a letra primeira,
é pequena, de incerteza,
em reticências transformada!
Questionando, se teremos ou não,
no dia que virá,
mesa farta e não somente,
pão e água.
Á muito que se apagou,
a luz da vela
A cera enrijecida adormeceu como pedra
Derramando-se no cansado
tempo vago da mesa cega
Deixando no ar uma escuridão acesa,
Abafando o som,
dos ideais em descrença.
Fazendo-se espera,
o vacilar nossa existência!
As mãos unem-se,
entrelaçando os dedos
Prendem-se uma às outras num rezar aceso
Cada instante nada mais é,
que incerta e regra negra!
Desenham-se-nos na alma
difusas imagens,
Sem clareza, sem pés nem cabeça!
subtis inúteis, sem deste fato,
termos consciência!
Um suceder de meros acasos,
despertando o consciente,
de nossa própria inconsciência!...
Aos tempos que se adivinham
decididos e resolutos,
Abolindo antros e cavernas inúteis
antepondo o real valor do absoluto
em nossa mente mórbida, já defunta!
Abre-se a uma eternidade negra,
confundindo demência,
com glória e absurdo
Mergulhando em poço profundo,
repleto de lodo nauseabundo!
Um permanecer de triste e longo luto
Enquanto não deixarmos
 nossa alma aberta
Nossa certeza será coisa nenhuma!
Resposta que jamais gostaríamos de ouvir
e talvez a mais… que mais que certa!
Nossa vida jamais passará,
de mera pergunta! (...)

Ana Rosa