sexta-feira, 12 de julho de 2019

Nada





Nada


(...) Nada e ninguém por mim espera
na sombra do meu passado
na nesga do meu presente
tão pouco em meu sonho acordado
no futuro de mim sempre ausente
Ninguém já me espera,
neste conturbado mundo
nem quimera de semente plantada
neste meu querer mais profundo
Sou um todo abandonada
balançando ao compasso do tempo
neste meu passo descrente
como velha e seca folha,
levada p'lo vento,
esperando tão ambicionado momento
Foi estoica minha luta
tão breve como curta
somente me restou o nada, o inútil.
Caminhei só, sem resposta
esperando vã e apagada pergunta
neste vazio que me consome por dentro
como pássaro moribundo
que de tanto me querer lembrar,
vou já esquecendo tudo.
Deixo o mundo com noção
de missão cumprida
Levando a dor comigo de mão dada
por nunca ter sido esperada
Visão que mal enxerga,
aquela luz fria, que dói,
como aberta ferida
lá longe ao fundo do túnel! (...)

Ana Rosa Cruz

crz@Direitosreservados







domingo, 7 de julho de 2019






Colina no espaço


(...) Enquanto o sol vai dormindo,
de écharpe negra aos ombros,
a noite acendeu o abajur das estrelas!
Mágicos pirilampos na colina do espaço...
Planando feliz em asa delta,
o vento amarrota a seda do ar,
vulto andarilho na neblina transparente
que encaracola frio na espinha dos meus dedos!
Com toucados de conchas às costas,
rebanhos de nuvens despedem-se do céu,              3
abrindo portas à caravana da luz!
Algo de espiritual se liberta
quando ondas lunares de veludo
limpam o rímel da noite!
Sapatinhos de prata do luar
chapiscam nas estacas do orvalho!
Sem medo de se despir à janela
dos colarinhos do céu,
com o brilho dos brincos roubados ao sol!
levanta-se a lua do conforto do sofá do silêncio,
como se convidasse a terra a visitar o céu! (...)




Ana Rosa Cruz




crcruz@/Direitosreservados

Particípação em Ciranda




Ciranda


Quando tudo acaba
(...) Por todos os seres és respeitada
Não fosses tu o mistério da finalidade
Sem preferência por sexo ou idade.
Profecia, decomposição, massa sangrenta
O fim do caminho, porta de cadeado
Ou cinsas p´lo vento levado
encarnam teu nome, tua personalidade
Tudo contigo acaba
Mentira, sobranceria e vaidade
O princípio da dor e saudade.
O fim em pote, depois de cremado(...)




Ana Rosa 

crcruz/Direitosreservados




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Inconstância




Inconstância
(...) Como gostaria que a vida,
não fosse somente momentos!
Com dois pesos e duas medidas
Como horas de relógio evadidas
de corda partida...
Não atam nem desatam vidas
São penas pairando em sopros perdidos,
esperando os desígnios da balança da justiça
Há minutos que nos fascinam!
Outros que perecem, sem chegar
a olhar a luz do dia...
E tão poucos os que nos ressuscitam!...
Dias e dias seguidos, nos nauseiam e maltratam
O tempo é um novelo longo,
difícil de ser desenrolado...
Momentos doces alternados,
entre outros que tanto nos amargam
Nos aproximam e afastam
O tempo é um conto de fadas, sem magia
Rostos lindos, belos sorrisos
num segundo fazem-no perder o tino
a quem de juízo.
Abrem-se como flores
que nos perpetuam e afagam
Fazendo-nos complemento de claras paisagens
Outros, ao nos olhar,
Desventram-nos e matam-nos! (...)

Ana Rosa


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