sexta-feira, 12 de julho de 2019

Nada





Nada


(...) Nada e ninguém por mim espera
na sombra do meu passado
na nesga do meu presente
tão pouco em meu sonho acordado
no futuro de mim sempre ausente
Ninguém já me espera,
neste conturbado mundo
nem quimera de semente plantada
neste meu querer mais profundo
Sou um todo abandonada
balançando ao compasso do tempo
neste meu passo descrente
como velha e seca folha,
levada p'lo vento,
esperando tão ambicionado momento
Foi estoica minha luta
tão breve como curta
somente me restou o nada, o inútil.
Caminhei só, sem resposta
esperando vã e apagada pergunta
neste vazio que me consome por dentro
como pássaro moribundo
que de tanto me querer lembrar,
vou já esquecendo tudo.
Deixo o mundo com noção
de missão cumprida
Levando a dor comigo de mão dada
por nunca ter sido esperada
Visão que mal enxerga,
aquela luz fria, que dói,
como aberta ferida
lá longe ao fundo do túnel! (...)

Ana Rosa Cruz

crz@Direitosreservados







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