quinta-feira, 18 de maio de 2017

SONHO






Sonho
(...) Depois de ontem!
Quando meus olhos 
Sobre os teus se deitaram... 
Sonhando com o som quente 
de tua voz platinada
Nossos lábios sorriam 
Nossos beijos falavam 
Palavras de branda tontura 
Em sílabas entrelaçadas
Nossos corpos ondulantes 
se entregaram
Em gesto de incomensurável ternura
Tua boca incerta entre meus seios 
A caminho da face fogueada
Gritando a toda a gente 
Em cânticos de felicidade, 
Que em sonhos, 
pude contigo conhecer 
Os sítios mais meigos do meu ser
Ao por ti ser tocada!
Acordei! 
Meu coração batia estasiado 
A carne tremia...
Como se algo de mim tivessem tirado
Senti o teu cheiro 
em mim impregnado 
Sentei!... Respirei fundo...
Senti teu odor adocicado
Sorri! 
Em solta gargalhadas
Amei...Fiz Amor... 
Aconteceu tudo com que sonhara...
Neste sonho... sem planos... 
Amei loucamente, enquanto contigo sonhava
O mundo girou à volta 
do teu encanto e tudo o mais parava
Fui de tal forma por ti amada 
Que desejei não acordar... 
Desejei por ti morrer e no sonho me findar
Se para te amar de novo...
Tiver que assim ser
Uma e outra vez, contigo sonhando
...te amando, desejarei morrer (...)


sexta-feira, 12 de maio de 2017

ORIGINAL



ESPERA






Espera

(...) Espera, é porta entreaberta 
Encurta distancias etérea
entre o céu e a terra...
De tanto querer
dar e receber aquele abraço,
suspenso na cedilha dos braços.
Afago que nem sempre se pode ter
Carta não lida, por não saber ler 
Uma espera cúltica sentida
Fé, em esperança cultivada, 
de semente única...
Em porta meio aberta e meio fechada
Sem chaves, fechaduras ou trincos,
De madeira velha, 
é ainda a mesma porta da casa.
De mão batente dependurada
Carcomida pelos bichos
Esperando sem dar conta
quem há muito cresceu
Cuidando, 
como se só ontem tivesse nascido
Mas que há muito, deixou o ninho!
Deixando em seus braços, 
um vagar sentido
Distância sem espaço vago
Que se basta só pelo desejo 
de ser preenchido...
Por aqueles, que para "ela", 
foram e sempre  serão,
...eternamente pequeninos...
Só assim, em sua vida, 
esta espera tem sentido.
Quando voltam,
parece chover primaveras.
A alma, reabre as janelas 
A casa ressuscita 
As cortinas bailam ao vento 
Como cinderelas de alegria possuídas
Sente-se no ar um odor
Perfumado a rosmaninho.
A porta da entrada, range baixinho
Como outrora...relembrando o afino! 
...não querendo acordar 
o que ficou lá na infância
...o sempre eterno menino!...(...)

Até ontem

Ana Rosa Cruz

Arte: Ser. John Singleton




HORAS DE PONTA






Horas de ponta

(...) De si própria sentia nojo! 
A vida deu-lhe mãe madrasta,
como único consolo...
Caminhando na frieza da calçada, 
nela se fez enteada
sem amor e o calor de um colo!
Para outro?
Nada mais era, que simples entojo !
Sem que por alguém, algum dia 
tivesse sido filha amada.
Tinha em si, a marca da natureza,
Estonteante beleza, 
Olhar de um rio,
brilhando em transparência
Magoa d'uma ausência de infância
que desesperadamente queria ser existência!
Diariamente pela vida era arrastada, 
escorregando entre pedras
dum riacho, com ausência de margens 
Rio silencioso sem foz, 
Sem saber como desaguar o som de sua voz
submersa e presa em um poço 
Afundando-se em pantanal lodoso
Desconhecendo que também, era digna de poder ter um sonho,
e que a vida não tem nós somente!
Sem que para tê-lo, tivesse que pagar um preço!
Entre o tombo da noite 
e o nascer tombado da madrugada
A alma do seu corpo se desligava, como ave rara, 
pousada entre o punho e a espada
Sua vida é um fardo, 
um fado cantado à luz dum som
duma longínqua e velha guitarra!
Prazer encenado, em troca de assobios e algumas palmas!
Flutuando em águas profundas e escuras
morada do nojo, decepções constantes 
eram-lhe diariamente ofertadas! 
Assobiavam-na, quando por ela passavam...
Olhavam-na, com olhares de gozo
Não podia dizer não!
Vestida como estava
ninguém enganava, era um retrato falado 
que ninguém gostava de ver, ouvir e falar...
Do submundo da noite, 
que o dia marginalizava
tudo condizia com a função adoptada!
Negro arrojado, como negro corvo pousado
em esquina mal iluminada
maquilhagem insinuada,
meias de rede com liga rendada 
sapatos de salto alto
andar provocante, 
balançava-se atraindo o desejo
com passos de pecado hábil.
Em seus lábios rubros e palpitantes passeava, 
a chama sorridente dum cigarro, 
que avidamente fumava até à ultima passa!
Vivo painel publicitário de marca de cigarro
sem acrescentar qualquer centavo ao fato.
Vendia um pouco de si, 
por uns míseros trocados...
Irrevelada tristeza no coração, 
fraqueza não mostrada.
Em cada chamada, um olhar lacrimado
apressadamente aconchegado, 
na ponta do lenço encarnado!
A luz da lua, dela pena tinha, 
da sua triste sina...
Esconde-se numa nuvem, 
mantendo as ruas escuras
encobrindo o seu papel de dama da noite
naquele palco da vida, 
sem estrela guia alguma
que na vastidão da noite 
escura e sombria,
tem o estatuto de puta (...)

Até ontem

Ana Rosa Cruz






"Quem Acredita, Sempre Alcança"





(..:) Mas é claro, 

que o sol vai voltar amanhã!
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, 
de endoidecer gente sã!
Espera que o sol já vem.
Tem gente, 
que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém, 
Em quem confiar...
Confie em si mesmo!
Quem acredita sempre alcança!
Nunca deixe que lhe digam;
Que não vale a pena!...
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança (...)

Legião Urbana

Publicado por Ana Rosa Cruz

Arte. Kemal Kamil


TODOS OS DIAS





Todos os Dias

(...)"Um grande beijo para quem é mãe!
Não somente neste dia, 
Mas todos os dias que o ano tem
Sem sua existência jamais existiríamos, 
Não seríamos ninguém,
Não seríamos "gente" 
Mãe, é terra, fenda quente
Embalando pequena semente.
Mãe tem dom, o poder de gerar vida.
Ao fim de nove meses do seu ventre
Dela brota uma bela flor 
Por ela daria a vida!
Mãe é dádiva, é entrega,
divide-se e multiplica-se
seu amor, é mais que maior é 
infinito...
Todos os dias se regenera
É colo que sempre espera 
haja fartura ou miséria
faça sol, chuva ou frio
Seu olhar, é rio que embala.
Nele transporta seu filho adormecido
Mãe é poço de amor sem fundo
Sem em troca nada pedir.
E da sempre tudo!
Mãe, é bússola 
que orienta em alto mar, 
navio em risco de ir ao fundo
até porto seguro....
Mas mãe também chora,
quando sente em seus filhos
as aflições da derrota
as inseguranças do futuro.
Mão carinhosa que nos mostra 
o rumo certo do futuro
Mãe é sempre porta entreaberta 
sempre à espera, dum beijo ou carinho.
Sem chave, fechadura ou trinco
Espera quem há muito cresceu
mas que para "ela", é e sempre será 
eternamente pequenino.
Tudo dá p'los seus filhos
Até a vida, se tal for preciso"(...)

Até ontem

Ana Rosa Cruz

Arte. Vincente Romero



FILHOS DO MAR






Filhos do Mar

(...) Da escadaria da abadia, 
Da Nossa Senhora da Agonia 
Tudo se avista, 
Desde o nascer do sol
Ao último suspiro do dia
Cheiro a maresia arrastado p'la maré cheia
Deixando na lingua um gosto a sal 
E odor a poesia na areia
Sentia-se naquele local um peso hereditário
Centenário de sete vidas
Como os gatos que se passeavam 
Lá no alto do campanário...
Local sagrado, confessionário do meu calvário
Essa última fronteira, 
Diário escrito com escopro e martelo, em calcário
Lugar solitário de eternas chegadas e partidas
De quem do mar faz sua vida
E dele tira seu sustento diário
Desaguam ruas de pedra lisa, escorregadia, 
Entrelaçadas entre elas, parecendo redes de pesca,
Agora escuras e já desertas!
Chineladas desde o nascer do dia, 
Até que o sol se punha, pelas varinas, 
Pregão em punho na ponta da língua 
Canastra à cabeça e mãos fincadas na cintura
O sol há muito se ia pondo,
Entre o anzol e a linha de pesca sem fartura alguma 
Entardecia o horizonte, no astro a lua surgia 
Ungindo a baía
Ouvia as ondas ao anoitecer, acomodavam-se,
Espraiando-se, adormecendo na areia lisa
Dando lugar a luzes de velhas e eternas candeias
Chamava a varina seus filhos, 
Sobressaltando a vila inteira
Como loba, uivando à lua, em noites de lua cheia,
Reunir a alcateia, para os acomodar com a ceia
Era este seu ultimo grito do dia,
Com grande alarido lhe acudiam
Pareciam pássaros à beira dos ninhos
Gaivotas em volta das traineiras
Reclamavam a parte da sua sardinha
...rabo, tronco ou cabeça...
Nunca sem orar a Sta. Teresa
De mãos abertas sobre a mesa, agradecendo o manjar
A oração era sempre a mesma
A vontade de comer não deixava de aumentar
---Nunca cada um, comia sardinha inteira!
Entre pão negro de centeio ou cevada 
Que em suas bocas santas, 
Nunca se ouviu reclamar que amargava. 
Uma malga de sopas de cavalo cansado
Para dar sossego à fome desalmada,
Que nem todos os dias era sossegada
---Havia muitas noites que não dormíamos,
As barrigas roncavam, doíam!
Encostavam os barcos, canastra vazia,
Gaivotas em terra, tempestade na baía
Naqueles tormentosos e acinzentados madrugares,
Descíamos a ladeira, descalços, pés calejados
De sola e meia, trajes de remendos em fileira,
Tínhamos asas de vento nas orelhas
As mãos cheias de bolsos
Nadavam à beira mar das algibeiras
Olhávamos com tristeza o cais
Esperávamos o passar da tempestade
---Filhos do mar, só tem o que ele lhes quer dar!
---Ou tirar! (...)

Até ontem

Ana Rosa Cruz

@crz/444/

Arte: Internet




DISPENSAVEL






(...) Às vezes começamos a compreender
Como somos dispensáveis, já ninguém espera nada de nós(...)

Arte Kemal Kamil

Ana Rosa Cruz



MENINO



Menino


Arrancado à inocência
Moldado na dor e na violência
Que tiveste mãe que não soube sê-lo
E pai ausente que é como não tê-lo
Tu que, morto de toda a esperança,
Fazes da rua o teu lar de criança
E da solidão a família que não tiveste
Foge!
Foge sem destino e para o teu destino
De menino...
Menino-sofrimento, menino agreste
Menino-revolta
Menino-problema, menino à solta
Menino-triste!
Até que um dia vens
Com olhos cor da noite
Sem saberes, ainda, que o verde existe.
E eu, que não sou, juiz para te julgar
Nem polícia para te prender
Somente procuro te entender
Para te encontrar!


Publicado por:
Ana Rosa Cruz

Arte de Sir John Millais





MORRER DE AMOR




Morro de Amor


Morro de amor 
ao pé da tua boca...
Desfalecer 
à pele do teu sorriso....
Sufocar de prazer 
com teu corpo.......
Trocar tudo por ti,
se for preciso...

Teresa Horta

Publicado por
Marcas de Agua



CÁLICE




Cálice

(...) Não cales o que silencias
Em ti, minha essência respira
Para que te eternize o espírito
E fortaleça a alma
Para que vivas a vida
Que surja em teu rosto uma lágrima
Curando essa ferida que arde
Sofrida de forma calada
O que arde, também cura
Não te cales
Em cálices de amargura
Tal como eu me calo
O sofrimento a vida encurta
De forma suave tudo faz
Aquilo que eu não faço
Mesmo que te pareça loucura
Se o gritar te alivia...
Grita!
Não te sumas da vida
Essa, que deve ser vivida
Não sejas sombra subtraída
Sente tudo o que sinto
Sente-me...
No ar que respiras
Como fora eu soma da vida
No inatingível,
Não te confundas!
Torna-te inconfundível,
Não te ausentes!
Marca a tua presença na vida
E vive!
E se viver dói...
A dor também te ensina! (...)

Até ontem

Ana Rosa Cruz

Arte: Caravaggio




BUROCRACIA





VER







Ver

Somos demasiado grandes
Para vermos as coisas pequenas 
É tudo uma questão insignificante de grandeza

Ana Rosa Cruz

Arte Anna Vinogradova



A RAZÃO DE SER





(...)A razão do meu sorriso
Chegar todo até mim
É quando vens e me ofereces
A tua simplicidade e humildade
E te deixas ler por mim
Permitindo declamar teu nome
...Poesia...(...)

Até ontem

Ana Rosa Cruz

Arte: Kemal kamil


PERFUME DA PELE




O perfume da pele


(...)Apaixonar é sentir o perfume da pele... 
Numa distância que a saudade não suporta... 
Apaixonar é achar graça... 
Mesmo quando nossos nervos querem ceder ao orgulho... 
Apaixonar é adorar os defeitos... 
Vê-los como parte do corpo que nos atrai... 
Apaixonar é querer se entregar... 
Até quando não podemos.. 
Apaixonar é aquecer a alma com um beijo...
È cobrir os sonhos com um abraço... 
Apaixonar é acordar todos os dias... 
È ter a certeza de que é real ou simplesmente... 
permanecer nos sonhos e não ter certeza... 
Sentir-se completo e inquestionavelmente feliz.. 
Até mesmo com problemas, sabendo que temos... 
Um apoio, um amigo, um amante... 
Bem... 
Isso já é amor... 
Paixão é uma droga doce e alucinante... 
Amor é a cura...(...)

Publicado por:

Jair Junior
e
Ana Rosa

Arte:Maria Szollosi Aka

MINHAS PALAVRAS





Minhas palavras

(...) Abrem-se espaços entre elas, para que possa lá caber
o nome de tudo que um dia hei-de lembrar. 
Talvez mais tarde, poderá ser já amanhã. 
Quem sabe? 
Mas agora não!
Por agora, faço questão de todas esquecer.
Estou agora num pousio, talvez seja uma pausa de instante!
Minha alma fermenta, entre uma e outra letra, entre uma e outra palavra.
Toma cor e sabor, para que entre as outras, possa caber e fazer sentido, 
sem doer no contexto e motivo ao ser bebido,
com gosto doce e não acre,
para que a lingua não encrespe, degostando de forma suave, sem o pico azedo ou sabor a vinagre! (...)

Até Ontem

Ana Rosa Cruz

Arte Marta Orlowska.





EU





Eu

Eu sou o que sou!

Na incensatez de um olhar
Vejo o que não posso ver
sinto o que não se pode mostrar
de uma solidão moldar.

Eu sou o que não sou!

Na imensidão do mar
busco as verdades epigrafadas
da magia do meu pensar
e na escuridão reinar.

Eu sou o que não está!

Na profundeza do meu mesclar
procurando verdades deixadas lá.
Vivo em meio as incertezas
das tuas mentiras infiltrar.

Eu sou o que sou

Nada mais resta esperar
apenas migalhas no chão esparramar
em tudo que posso fazer plantar
as sementes de um novo tentar.



Rosalinda  Mildner



DEMORA-TE EM MIM



Demora-te em mim


(...)Demora-te em mim meu amor
Despe-me; 
Com o silêncio dos teus dedos
Beija-me com tua demora
Estes meus lábios dormentes 
Demora-te em mim mais um momento;
Molda-me à tua imagem, 
Como se me moldasses em areia molhada 
Acaricia-me com teus dedos levemente
Como se eu fora areia quente
Entrego-te minha chave
Abre a minha intimidade
Encontrarás em mim um poema vivo
De corpo e alma imaculado
Rosa alva, pronta a ser desfolhada
Declama o poema que de mim tomaste 
Tua serei eternamente
Todas as infinitas alvoradas!
De ti estou sequiosa
Vem matar minha sede
Neste belo e grande momento 
Degustaremos o néctar dos Deuses.
Que se misturem nossos cheiros
Acaricia com ternura; 
Meus longos cabelos negros
Explora os meus segredos
Há muito que te espero
Para que todos os desvendes.
Nesse teu retido beijo 
Sinto o teu ansioso desejo
Preciso do teu corpo junto ao meu
Nosso clímax será verdadeiro apogeu
Com música da lira de Orfeu
Demora-te ao amar-me
Ama-me como onda do mar
Onda que vem e vai, vem e vai
Quando saciados nossos desejos;
Demora-te em mim um pouco mais
Ainda nos resta tempo
Para nos esvairmos em beijos.
Mesmo cansados, demora-te em mim.
Deita a cabeça em meus seios molhados
Bebe neles todo o sabor salgado
Do suor de nossos corpos excitados
Rostos ruborizados repletos de felicidade
Ao amarmo-nos desta forma
Aos deuses fica provado
Que nosso amor;
È arte! (...)

Até Ontém

Ana Rosa Cruz

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