Espera
(...) Espera, é porta entreaberta
Encurta distancias etérea
entre o céu e a terra...
De tanto querer
dar e receber aquele abraço,
suspenso na cedilha dos braços.
Afago que nem sempre se pode ter
Carta não lida, por não saber ler
Uma espera cúltica sentida
Fé, em esperança cultivada,
de semente única...
Em porta meio aberta e meio fechada
Sem chaves, fechaduras ou trincos,
De madeira velha,
é ainda a mesma porta da casa.
De mão batente dependurada
Carcomida pelos bichos
Esperando sem dar conta
quem há muito cresceu
Cuidando,
como se só ontem tivesse nascido
Mas que há muito, deixou o ninho!
Deixando em seus braços,
um vagar sentido
Distância sem espaço vago
Que se basta só pelo desejo
de ser preenchido...
Por aqueles, que para "ela",
foram e sempre serão,
...eternamente pequeninos...
Só assim, em sua vida,
esta espera tem sentido.
Quando voltam,
parece chover primaveras.
A alma, reabre as janelas
A casa ressuscita
As cortinas bailam ao vento
Como cinderelas de alegria possuídas
Sente-se no ar um odor
Perfumado a rosmaninho.
A porta da entrada, range baixinho
Como outrora...relembrando o afino!
...não querendo acordar
o que ficou lá na infância
...o sempre eterno menino!...(...)
Até ontem
Ana Rosa Cruz
Arte: Ser. John Singleton
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