quarta-feira, 20 de abril de 2016

Olhares






OLHARES

Ao amar-te em silêncio
Teu olhar são meigos beijos
Palavras não são precisas
Olhares de revoltos sentimentos
Que no meu peito flutuam
Em silenciosa e suave brisa
Tudo dizem, com infinda ternura
Sem uma única sílaba
Olhares doces como mel
Sentidos com infinita doçura
Teu olhar é chama acesa
É loucura
Ateia fogo em mim
Meu corpo queima
Calor tão meigo
Que arde no meu peito
Ardor que não queima...
Que não magoa...
Faz de mim mulher inteira

Até ontem

Ana Rosa






Espada






ESPADA

Olhar crítico de guerreiro
Que volta uma página marcada
Cuja leitura deixou pendente
Língua afiada como espada
Corta os espaços frios de silêncio.
Afaga a dor da palavra que em si arde
Aconchega-se na sua lembrança
A solidão o invade por dentro
Inquietante desassossego 
De não clamar o medo.

Acorrentam-se as palavras
Com doloroso sentimento
Com roucos gritos de silêncio
Professa-se dolorosa castidade
De escrito inacabado
E tudo se acaba... 
No vazio da última sílaba
O chamar, como fúnebre sentir
Declamando um poema sem termo
Sendo ele, o termo dele mesmo...
Calou-se a palavra
Chegou a era do silêncio

Até ontem

Ana Rosa




quarta-feira, 13 de abril de 2016

Camélias





CAMÉLIAS

Belos presentes
Nos traz a Primavera
Flores lindas...
Qual delas a mais bela
Não há porém maior beleza
Que ver uma cameleira florida
Com suas lindas camélias
Cores e formas singelas
Brancas, rosa ou purpúreas.
Asiatico arbusto
Oriundo do Japão e China
Vindo no embalo das caravelas
Para dizer ao mundo
Que as flores falam
Todas as línguas...

Até Ontem

Ana Rosa




domingo, 10 de abril de 2016

Poema Vagabundo






POEMA VAGABUNDO

Somente nasci...
Como mero poema!
Um entre tantos outros
Que p'lo mundo vagueiam
Sem eira nem beira
Murmúrio monástico de silêncio
Choro, como leve queixume
Que arrebata lágrima invisível
Sustida por coragem faltar.

Sorriso jovial 
Que se desvanece como poeira
Essência volátil que invade a alma
Mestria em queda livre.
Arte sem artifício
Ansias que entre os homens,
Encurtam distâncias
Chama que ressuscita
Palavras moribundas

Um súbito bater de asas
Anuncia a primavera
Verdadeiro perfume,
Que advém de mágica janela
Cardume de letras
Que dão real forma 
Ao atlas da linguagem!

A carne se espicaça
Como se palavra, fosse arma
Raiva letal que fere,
Entristece e também mata

Sou passado, presente e futuro
Abastança e fome
Felicidade ou sofrimento
Verdadeiro vagabundo, sem rumo
Ocupo um curto espaço na vida
Procuro dar-lhe sentido
Sou luz e chama do mundo
Lembrança e esquecimento
Sobre mim mesmo medito

À luz do velho candeeiro
Quem de mim, faz sua escrita
Seja prosa ou poesia
Nada mais precisa na vida

Até ontem

Ana Rosa





Guerra





GUERRA

Negra marcha d'uma orgia!
Ao som de tambores
Guerras e paz, anunciam.
Ouvidos moucos, perfurados tímpanos
Fraudulenta hipocrisia
Esperança pálida desvanecida
Grito aflito dos derrotados.
No seio dos mortos e feridos
Coração sombrio, de negro tingido
Dor de todas as dores

Pela estrada do assobio
Traidores vendidos a inimigos,
Força fétida do desperdício
Espirito maléfico da natureza...
O encontro de perdida essência!

Na ironia da morte e vida
Ácida e corrosiva melodia
Com o tempo vai extorquindo vidas
Meia dúzia de frases que ninguém lê...
Serão lidas com um talvez

Eco de metais em conflito
Dama de copas ou rei de espadas
Que se defrontam
Largando chispas e tinidos
Bailado que consome a vida
E á morte presença deferida...

Até Ontem

Ana Rosa





Saudade





SAUDADE

O tempo
feridas sara
Mas não um grande amor
Distância 
os corpos separa
Mas nunca as almas
de unidas ficarem

Agora, sem ti,
Não sou nada
Canto o fado 
com melancolia
Até romper a madrugada.
Em cada dia 
que passa
Tristeza infinda
Porque te perdi um dia!

Recordação de ti
Acesa brasa
Meu corpo aquece
Minh'alma 
queima
Recordação inapagada
Incandescente 
estarás
Sempre em mim presente

À noite, 
canto-te em fado
De dia, 
és tormento
Tudo me podem tirar
Jamais me tirarão 
a saudade
Que de ti, 
no meu peito trago

Até ontem

Ana Rosa



Paz






Burocracia