terça-feira, 20 de dezembro de 2016

CORAÇÃO






Coração

O meu coração não é escrito a lápis...
Sou incapaz de apagar pessoas,
sentimentos e vivências 
com a borracha da indiferença. 
Porém, esse mesmo coração
tem uma outra vantagem, 
ele não tem espaço para arquivo morto... 
Quem souber aproveitar a estada
que ele oferece e conquistar o seu afeto, 
tem lugar cativo ... 
Os demais foram lições
e aprendizados de capítulos encerrados.
A vida é curta demais
para repetir histórias
e o meu coração exigente demais
para conviver com pessoas rasas. 
Novas experiências e sentimentos profundos.
É o mínimo que ele 
espera de mim.
Conceição Ana Rosa Cruz 
Jair Júnior

Arte: Volegov Vladimir






sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

ESPECIARIAS







ESPECIARIAS

(...) Pessoas simples e belas
Que se desconhece a origem
Fazem-se sempre acompanhar
De essência indescritível
Caminhando com passos de lua cheia
Em caminhos de areia fina
Sussurrando ao nosso ouvido, 
De que nem tudo está perdido!
Vêm com o som da chuva,
Acariciando a terra de ternura
Fazendo-a bater palmas de alegria!
Soltam-se odores maravilhosos
Erva doce, alecrim, ou quem sabe
Talvez lúcia-lima ou baunilha!
Sentem-se passar como estrela cadente, 
Rasgando o astro, 
Deixando um rasto de incenso!
Por nós, as sentimos passar
Sem as tocarmos ou vistas ainda
São como almas de luz, 
Surgindo entre ruinas!
Repletas de esplendoroso brilho
De alma tão pura
São verdadeira preciosidade eterna
Refrescam e condimentam nossa vida
Autênticas e delicadas especiarias
Vindas do outro lado do mundo!
São o som da tarde, tom cinza
Inclinando seu gemido vestido
Anunciando a chegada da noite
Em vénias de penumbra
Mansa semente, que no interior da terra
Em seu quente ventre germina
Cair da noite, céu plantado de searas de trigo
Ou luar, presenteando um odor fugitivo
Mostrando grandiosa e secreta plenitude
Deixando segredos de si
Em poemas aromatizados de fascínio escritos
Em extasiado murmurar
Passam deixando no ar
O verbo ficar, até ao infinito
Espalhando seu odor pelo mundo
Num inaudível e alvoraçado zumbido!
Presença aromática perdida no tempo
Eternizando-se na infinitude dos segundos!
No seio da terra, florescendo
Sem que plantadas tenham sido!
Pessoas que mais se parecem
Com o perfume duma flor
Vindas dum campo florido!
Nobreza tal, místico odor vestido
Enxertadas de ternura e simplicidade
Sem que vaidade alguma vez na vida
Em si tenha existido!
Estão sempre de chegada e entre nós
Sem que algum dia tenham partido!(...)


Até Ontem


Ana Rosa Cruz


Arte: Leopold Schmutzler


(@crcruz/911/Direitos Deservado)







sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

MORRER POR TI







Morrer Por Ti

Quantas vezes morri, à sombra de ti
Afagando tua insegurança
Enquanto te ressuscitavas em meus braços
Amenizando teus traços de duro e fundido aço
Nas horas intervaladas, entre lembranças
Vibravas entre meus dedos repletos de asas
E voávamos entre as cores da voracidade
O amor tomava forma, em proibidos vocábulos
Que no silêncio de nossas bocas nadava!
Na exaltação ereta de divindade de barro moldado
Questionavas-me se eu sabia;
O que significava um sorriso triste,
No centro do abandono em terra molhada!
Um amargo olhar crispado de cansaço!
Se eu sabia, o que eram esferas de fogo,
 Incandescente no ardor do teu caos, por mim apagado
Jazendo na cinza das águas!
Eu, respondia-te por gestos repetidos, 
Num silêncio de reticências
A tantas coisa que nunca me perguntavas!
Amnistia, suave toque de palmas
Dentro e fora do compasso...
Depois, quando de mim, te partias na noite,
Ardias-me nas lágrimas feridas p'lo mundo
E, perguntava eu; 
Se alguma vez morrerias por mim, como morri por ti!
E, se me ressuscitarias em teus braços, 
Na exaltação divina de barro moldado!...

Até Ontem

Ana Rosa Cruz

Conceição Ana Rosa Cruz

Arte: Gowa Borg