sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

ESPECIARIAS







ESPECIARIAS

(...) Pessoas simples e belas
Que se desconhece a origem
Fazem-se sempre acompanhar
De essência indescritível
Caminhando com passos de lua cheia
Em caminhos de areia fina
Sussurrando ao nosso ouvido, 
De que nem tudo está perdido!
Vêm com o som da chuva,
Acariciando a terra de ternura
Fazendo-a bater palmas de alegria!
Soltam-se odores maravilhosos
Erva doce, alecrim, ou quem sabe
Talvez lúcia-lima ou baunilha!
Sentem-se passar como estrela cadente, 
Rasgando o astro, 
Deixando um rasto de incenso!
Por nós, as sentimos passar
Sem as tocarmos ou vistas ainda
São como almas de luz, 
Surgindo entre ruinas!
Repletas de esplendoroso brilho
De alma tão pura
São verdadeira preciosidade eterna
Refrescam e condimentam nossa vida
Autênticas e delicadas especiarias
Vindas do outro lado do mundo!
São o som da tarde, tom cinza
Inclinando seu gemido vestido
Anunciando a chegada da noite
Em vénias de penumbra
Mansa semente, que no interior da terra
Em seu quente ventre germina
Cair da noite, céu plantado de searas de trigo
Ou luar, presenteando um odor fugitivo
Mostrando grandiosa e secreta plenitude
Deixando segredos de si
Em poemas aromatizados de fascínio escritos
Em extasiado murmurar
Passam deixando no ar
O verbo ficar, até ao infinito
Espalhando seu odor pelo mundo
Num inaudível e alvoraçado zumbido!
Presença aromática perdida no tempo
Eternizando-se na infinitude dos segundos!
No seio da terra, florescendo
Sem que plantadas tenham sido!
Pessoas que mais se parecem
Com o perfume duma flor
Vindas dum campo florido!
Nobreza tal, místico odor vestido
Enxertadas de ternura e simplicidade
Sem que vaidade alguma vez na vida
Em si tenha existido!
Estão sempre de chegada e entre nós
Sem que algum dia tenham partido!(...)


Até Ontem


Ana Rosa Cruz


Arte: Leopold Schmutzler


(@crcruz/911/Direitos Deservado)







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