segunda-feira, 4 de abril de 2022

Chamas


Chamas


(...) ... Recordo;

Com tristeza no olhar e saudade infinita 

A porta da entrada que dava para a rua

Assomava a história da nossa vida,

Olho-a agora, com expressão entristecida

Dela, somente resta o meu sentir nesta escrita

Onde tantas vezes chama de amor,

Em mim, teu olhar ternuras acendia

Chamas de amor, com que me deixavas, 

Despida ou quase nua;

Côncava ternura, entardecidos teus dedos

Ao longo da minha cintura, 

apertavas-me junto a ti

Tocavas-me no topo da loucura;

Meu corpo dissimulado pelo vestido,

Abria os botões, um a um e misturavamo-nos

Em dois ardentes corpos nus...

Amava-te tanto; 

Jamais esquecerei, tuas meigas caricias,

Eras o sol de minha vida; 

Tudo em ti era diferente, insubstituível

Aquele sabor doce que transportavas

Tua língua, enlouquecia-me

Transformava os cansaços em gemeres de alegria

O nosso cheiro, tinha musica, 

Claves de alegria sustenida...

Em mim, não passarão ao esquecimento, nunca

Nosso amor era tão secreto no aconchego,

Como silencio, que toca levemente

os seios de madrugada... 

Nunca, por mais anos que viva, 

assim, serei tão amada!..

Já nada sinto por ninguém por mais que viva,

Será numa tristeza infinda 

Somente me deixaste tuas lembranças

De ser amada como desejava e queria, 

Com euforia fui beijada e muito amada; 

Duvido até, que haja alguém como eu,

o tenha sido na vida!

Beijava-te e mais um beijo eu te pedia

Nossos lábios ficavam doridos;

Nossas bocas devoravam o mundo

Não havia entre nós lacunas,

nosso amor tudo preenchia...

Morava tudo nele e mais nada lá cabia

Nada era resumido, ao essencial ou insípido

Até que um dia, o sabor do teu beijo,

teve gosto de despedida...

O mundo caiu, com um absurdo estrondo

Perdi o amor de minha vida;

Deixei de ser aquela mulher, de que alguém

espera vinda...

Em minha boca trago o fel, amargo e recolhido,

Carrego comigo desfastio e enlutado sorriso

Como sombrio jazigo...

A porta da entrada esta trancada!

Pois, dela já não se faz serventia!

Em minha vida, há e sempre haverá, alguém,

...alguém insubstituível... (...)



 Ana Rosa Cruz