terça-feira, 24 de julho de 2018

Palavras mortas


Palavras mortas


Apodrecia a estadia do sol,
primaveras sombrias.
No chão os frutos caíam
poderiam até ser folhas
tal como o cair de  pétalas de aves
de tua mão delicada e breve.
Nunca vi germinar flores
dos dedos que não possuías
simular a ternura
de um gesto que temias...
Permanecia em tua boca
o cansaço das palavras
de somente serem palavras.
Tinhas na boca o hálito amortalhado
das línguas mortas.
Vivam as mulheres desconhecidas
que interrompem as estações
em amanheceres de nevoeiro
esbatendo-e seus olhos brilhava decidida
perfurava aqlhes as rugas do rosto.
A espuma duele imenso vazio,
de punho erguido,
as palavras erguiam-se
entre a multidão se perdiam
entre o sol onde primaveras apodreciam
libertando-se de todas as teorias
egrégias do seu marcado destino!

Ana Rosa Cruz






terça-feira, 10 de julho de 2018

Crescer



Crescer

(...) Há pessoas 
que só dão conta do seu crescimento, após terem seu nome em uma árvore gravado
O próprio nome foi superado
Pela beleza de suas palavras
Tornaram-se entidade, alma
Voando ao vento, em todo o lado
Espalhando, fé, esperança e caridade
A única forma de encontrar seu nome
Hoje em dia gravado
Será apenas na laje d’uma lápide !(...)

Ana Rosa

( Inspirado em Victor Hugo)



Coisa qualquer








Coisa qualquer

(...) Há quem se conforme com uma
“coisa qualquer”, 
acabando por viver a vida
repleta de “inutilidades”! (...)

Ana Rosa




segunda-feira, 9 de julho de 2018

O outro lado




O outro lado



(...) Conto e digo-vos...
A riqueza está se misturando 
com a pobreza, 
apregoando humildade 
Como se possível fosse 
Misturar azeite e vinagre 
Despindo sua nobreza e vaidade,
envergando máscara de mendicidade
como sendo farda de trabalho 
mal engomada...
De mão estendida
circulando p’la cidade
mendigando caridade
de olhar moribundo
como que p’la morte acompanhada.
Virou moda rico mendigar, 
Como pedir tostãozinho p’ro
Santo António 
Circular nas ruas mal vestido, 
amarrotado, sujo e magro!
Encenando a pobreza,quando lhe dá vontade
que está em seu torno, 
por todo o canto e lugar!...
Houve tempo, que ser "novo rico”
era bom presságio.
Hoje é glorioso ser “novo pobre”
Entre pobres, fazendo da pobreza, teatro.
Quando a encenação é finda
e a hora de expediente terminada,
despe a farda de trabalho 
mudando indumentária e cardápio.
Colocam fato e gravata
Sentam-se na plateia...
Batem palmas ao espetáculo 
Colocando a mão à carteira 
do mais próximo, que está ao lado!
Rico é um actor nato,
O ato está lhe no sangue
Por herança lhe foi dado
É um pobre coitado, parasita na sociedade 
Nada deve a ninguém, no entanto é devedor em todo o lado
Come e bebe fiado
É o novo pobre, ladrao militante da mendicidade
E quando no ato se suja e a coisa se embrulha
Temos sempre a noção que sentença
É tempestade de pouca dura
Rico tem testa de ferro de envergadura
É como água que bate na rocha, ou em pedra dura
Tanto bate, até que fura!(...)

Ana Rosa





Estar eisFluencias






ESTAR



Ana Rosa

(...) Tantas e tantas vezes, 
Não me apetece estar aqui!
Às vezes, até já nem estou,
Parto!
Com um verso de mão dada, 
Num poema que me vincou a cintura
Beijando minha alma solitária
Tocando-a com rimas de ternura
Enchendo meus olhos de lágrimas 
Descosidas p’las metáforas nas costuras
Cheirava tão bem e com ele parti
Odor a camoesa, rosmaninho e alecrim
Somente notam minha presença, aqui,
Porque estou simplesmente 
vestida de mim,
Vagueio por aqui e por ali, 
No centro de tudo
Atenta sempre, ao princípio e fim 
Sem reticências algumas!
Visto hoje, o que ontem despi
Com o inigualável odor daquela viagem
...camoesa, açafrão e alecrim!... (...)

Ana Rosa



Arruda dos Vinhos - Portugal 













(...) "Se você 
não conseguir fazer 
com que as palavras trepem, 
Fique quieto
Ignorante por opção
Seja cego, não leia, não fale, seja mudo
Não as excite
Não as masturbe
Em suma, seja burro!" (...)

Publicado por Ana Rosa

Inspirado em;

Henry Miller



Acto




Acto


(...) Não comprem comigo guerras,

Pois eu gratuitamente
Vos oferecerei uma batalha! (...)

Ana Rosa




Ficar



Ficar



(...) Há formas que se julgam ser perfeitas, um acariciar de palavras

Uma porta que parece sempre aberta
Convidando-nos a entrar, a estar
Mas nunca ficar! 
Não existem perfeitas primaveras
Pois há flores que se abrem ao cair da noite noite para logo de manhã se fechar(...)

Ana Rosa





Virgulas




Vírgulas


(...) A ternura dos teus dedos
Acariciavam as vírgulas 
Dos meus cabelos
Cavalgavam soltas
Como nuvens ao vento
Tal como se no céu
Se desenrolassem novelos!
Era tão doce teu toque!
Linguagem nua de mão serena
Teu sorriso acalmava-me
Acendia uma luz
Na escuridão da noite
Beijava os becos
Da tua lembrança
Tinhas em tua boca um hálito
Tingido de verde esperança
Diminuía-te o nome
No carinho da tua grandeza
Ensinaste-me a ser grande
Quando ainda pequena.(...)

Ana Rosa Cruz 

Arte:Kemal Kamil 




Ali


...Ali

(...) ...ali, no esplendor dos teus olhos,
no delíquio da tua voz,
no enleio de teus gestos;
há sons dum rio, desaguando dentro de nós!
...ali, na leveza de tuas mãos
no tocar teus cabelos
no fogo de meus lábios
beijando teus seios
...ali, na doçura que nos tomou
o mais puro de nós, se ergueu
numa  vertigem de fogo cresceu
...ali, no fulgor que se não apaga
naquele ser, nós dois somente
naquela tarde,
...ali, tão longínqua e tão presente...(...)

Ana  Rosa Cruz





quinta-feira, 5 de julho de 2018

Sêmos


Sêmos



(...)...se nós sêmos o que não somos, deixamos de ser aquilo que sêmos!... (...)

Ana 🌹Rosa





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Cuidado




Cuidado

(...) Mãe é um compêndio,
de corpo e alma!
É aquele olhar doce e atento,
que cuida, guia, Guarda
Mãe é guerreira!
É fera, 
que uiva, rosna, 
morde e ladra! 
Uma mão acaricia, 
afaga e com doçura 
O filho que seus braços 
embala!
Sem que na outra
deixe nunca descuidado
os manejos da espada! (...)


Ana Rosa




Estar




Estar

(...) Tantas e tantas vezes, 
Não me apetece estar aqui!
Às vezes, até já nem estou,
Parto!
Com um verso de mão dada, 
Num poema que me vincou a cintura
Beijando minha alma solitária
Tocando-a com rimas de ternura
Enchendo meus olhos de lágrimas 
Descosidas p’las metáforas nas costuras
Cheirava tão bem e com ele parti
Odor a camoesa,rosmaninho e alecrim
Somente notam minha presença, aqui,,
Porque estou simplesmente 
vestida de mim,
Vagueio por aqui é por ali, 
No centro de tudo
Atenta sempre, ao princípio e fim 
Sem reticências algumas!
Visto hoje, o que ontem despi
Com o ingualável odor daquela viagem
...camoesa, açafrão e alecrim!... (...)


Ana Rosa Cruz




Eco




Eco

(...) Sabem o que me preocupa 
e me faz falta?
É o fato de não conseguir ouvir 
aquelas palavras indecifráveis 
Aquele grito, 
Vindo de uma multidão desvairada,
Que vem de longe, muito longe! 
Não as entendo, 
Falam baixo!
São lava incandescente
que se tonam duras pedras
ao se deixarem tocar p'la água
Talvez seja sofrimento
Ou um pedaço de vento 
que passou depois da tempestade
Sem já poder ser velejado!
Ou talvez, estas não tenham eco,
Não as ouço
...E seu significado, 
não tenha mesmo, 
...qualquer significado!(...)


Ana Rosa




Filhos meus




Filhos meus

(...) São meus, os filhos da noite
Sem os ter desejado, ou querido
Vestidos de pele num uivo ferido
Conheço seus trilhos, 
Seus minutos e segundos
Seu olhar triste e perdido, faminto
São navios de papel encalhados
Nas correntezas d'um rio
Em areal movediço
No punho do verso acolhidos
Como anjos caídos no beiral do abismo
Todos eles surgiram da noite
Fugindo ao seu açoite
Um a um, lhes reconheço os passos
As marcas do passado
Seu desejo de horizonte
O seu trémulo riso
Deles reconheço de cor o rosto
Diferentes sentidos
Seus modos diversos
Choram cantos em tristes versos!
Sorrisos que choram 
a dor do castigo
Fugindo do vazio, fruto de quimeras
De horas incertas
São meus, sem os ter parido
De mãos unidas hoje, 
À espera de cada manhã
Oramos a mesma reza (...)


Ana Rosa








Lágrimas




Lágrimas

(...) Se alguém disser que me conhece
exibirei um sorriso mordaz.
Nem tão pouco após séculos e séculos 
de tal feito fui capaz!
Se disser que me viu passar, negarei
e quem tal privilégio teve, já lá jaz e descanse em paz!
Nunca caminhei em frente, 
passei a vida entre os muros do medo 
na constância do meu próprio recuar.
Será a pura visão alucinada de mim
Estou e reclamo o que sou, 
o meu espaço, o meu lugar 
a minha ausência tão presente, 
como flor morta antes da primavera 
a fazer desabrochar. 
Fugaz de lugares... perto e longe 
nesta existência, onde reina a fome sem dor
anestesiada de piedade negra 
quente numa ânsia voraz
tragando a ambiência moribunda e vasta.
Ninguém me conhece como eu me desconheço!
Na invisibilidade me exponho
sem nome, sem dom ou preço
não me compro nem me vendo
tendo como graça o obséquio reunido
cloreto de sódio, água e albumina
Lágrimas que benzem almas 
de todos os que desistem, 
cujo apelido de batismo se dita e assina 
como vencidas. (...)


Ana Rosa