segunda-feira, 31 de agosto de 2015
domingo, 30 de agosto de 2015
Quinze Anos
QUINZE ANOS
Nada é como dantes
Como nos seus quinze anos.
Depois de os fazer
Nunca os voltará a ter!
Corria para todo o lado
Não fazia planos
Subia e descia a serra
Com expressão de criança
Que só a ingenuidade alcança
Corria por montes e vales
Nua, banhava-se nos riachos
Sonhava com pirilampos
E com belos príncipes
Transformados em sapos
Para si, tudo era perfeito
Estivesse torto ou direito
O vento dançava
A roda da azenha não parava
Lá longe nos penhascos
O vento murmurava com lamento
Em prados verdejantes
Caía o silêncio do luar perfeito
O lindo luar espalhava a luz
Por todo o lado e casa dentro
Cada espaço com seu encanto
De quando se tem quinze anos
Saltava pedras molhadas e frias
Para si sorriam e diziam:
---Bom dia bela menina!
---Não parta a bilha
que na sua cabeça equilibra!...
Sabia de cor onde estavam
Para ela naquela serra
Nenhum segredo havia
A noite abraçava-a com um sorriso
Ela lançava-lhe um terno suspiro
Em pleno luar, olhava as estrelas
Com seu esplendoroso brilho
Sua simplicidade, era perfeita
Estava a surgir a mulher mais bela
Naquela longínqua aldeia
Vestida de chita e sem peneiras
A natureza foi para ela benfazeja
Essa bênção dela recebeu
Põe uma flor na trança
Do seu lindo e louro cabelo
Podem todos admirar a beleza
De quem se veste
Somente dela mesma
Até Ontem
Ana Rosa
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
terça-feira, 25 de agosto de 2015
Extravio
EXTRAVIO
Aldeia...
Devastada pela solidão
Casas desabitadas
Vazio instalado
Ausências sem presenças
Em casa não, casa sim
Casa sim, casa não.
Quem ainda resiste
Entrega-se na recordação
Sem muita aventura.
Quem pisava essas pedras
Mudou de endereço.
Cartas vêm devolvidas
Por endereço incorreto.
Resta o embalar do barulhar
Das águas da fonte
Que matam a sede
De quem fica.
Quem resiste em ficar
Confusos e sem saber onde
Esperam pacientemente
Com a impaciência medicada
Que lá ao fundo
No árido horizonte
Apareça alguma notícia
Há muito esperada.
Talvez de quem já se foi ...
Alma penada...
Que só agora pôde voltar!
Do fim que não tem pressa
Que o devagar...devagarinho
Aconteça.
Que dobrem os sinos.
A sua ausência,
Dita a não esperada hora
Seu badalar faz estremecer
Na sua constância!
A bandeira das almas
Circula de bengala
Acompanhada pelos resistentes
Até à sua última morada
Com estada numerada
E código postal...
Até ontem
Ana Rosa
domingo, 23 de agosto de 2015
Segredo
SEGREDO
A rosa foi murchando
Perdeu seu perfume
Mas nunca o seu encanto
Palavras escritas um dia
Sobre o nosso amor
Debotadas, foram ficando
Anos e anos...guardadas
Mas nunca esquecidas
Irreconhecível caligrafia
Manchada por lágrimas vertidas
Escrita debotada
Seca flor, ilegível caligrafia
Despojos dum grande amor
Tudo o que resta de nós hoje em dia
Outrora, foi eterna magia...
É agora um magoado grito
De angustiante saudade e melancolia
Do que fomos um dia!
Assim te lembro e me castigo
Merecias que te amasse mais
Do que me pedias...
Merecias que te amasse mais
Do que eu podia!
Até ontem
Ana Rosa
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
Teu Feitiço
TEU FEITIÇO
O que vi em ti?
Para te amar tanto assim.
Nossas horas são pequenas
Suaves e ternas
Voam no vento como penas!
O que vi na tua cor de pele?
Cor tão quente
Tez bela e morena.
Teu olhar enfeitiçou-me
Pela forma de me amar.
Qual o teu feitiço?
Teu sorriso tem magia
Branco, franco e tranquilo
Que com seu inigualável brilho
Aos poucos me conquistou.
Posso dizer-te que és minha?
És minha e o mais belo
E muito querido
Presente do céu
Até ontem
Ana Rosa
Dúvida
DÚVIDA
Por vezes acho estranho
que os que se dizem ser meus amigos
nunca estejam perto de mim
nos meus momentos de felicidade.
Simplesmente, afastam-se!
Será que não suportam ver-me feliz?
No entanto, estão sempre presentes
nas piores alturas!
Porque será?
Será que gostam assistir de camarote
à minha infelicidade?
Não preciso de amigos
que agem por obrigação!
Há uma sintomatologia contrária
no conceito de amizade!
Até ontem
Ana Rosa
Travestido
TRAVESTIDO
Sou e não sou
Enterro-me no horizonte
Vincam-se marcas no meu rosto
Dum ofício travestido
Do que sou hoje...
Mas poderia não ter sido!
Os dias são uma constante
Sempre iguais
Entre poluições de sovaco
Com mistura de odor barato
Devidamente doseado!
Dias repetitivos
Um dia atrás do outro
Sem novidades
Num concerto
Sem qualquer desafino
Em cada dia que passa
O acumular dos resíduos
Que me corroe por dentro
Será o meu túmulo.
Acumular-se-á pó e mais pó
O suficiente para me sepultar
Cemitério fabril
Ao serviço do capital
Sou o estímulo condicionado
Do final de cada mês
Sou o travesti da repetição
No horário do apito
Sou animal amestrado
Mas não sou
Enterro meu rosto
No horizonte do travesseiro
E também vivo e sou
Um invertido na realidade
Numa vida fatídica
Do faz de conta
Até ontem
Ana Rosa
Lembrança
LEMBRANÇA
Deito-me.
No meu pensamento
Tua lembrança acaricio.
A pena de te não ter...
Somente existe em meu suspiro
Um sopro te levou
Como vento de inverno.
Já não te tendo
O ter-te em mim é eterno
De ti me lembro
Com teu beijo quente
Beijando-me docemente
Como leve afago terno
Que me aquece do frio
E me deixa quente.
Ao sentir-te minha alma ferve
Vejo-te sem te ver
Sinto-te em pensamento
Sinto teu inesquecível odor
Ouço tuas gargalhadas,
Teus lamentos.
Amas o meu corpo
Apoderas-te dele
Cedo-to e amamo-nos
Sem que estejas presente
Ao amares-me assim
Tão longe de mim
Mas tão perto também
Nada em nós se perdeu
Mantem-se eterno
Mesmo que não estejas
Mas fazes parte de mim.
A tua ausência
Nunca deixou de ser presença.
Até ontem
Ana Rosa
Viandante
VIANDANTE
Pergunta...
Se alguém se lembra de mim
Se sabem quem sou!
Tal como tu
Nunca me viram passar
Pergunta...
Se passei por algum lugar
Sem ser visto
Tal como tu
Demasiado insensível
Para que por ti seja visto
Não distingues a verdade da mentira
Mentira escondida em suposta verdade
Questiona teu reflexo
Encontrar-me-ás
Quando por ti passar!
Passarei suavemente como o tempo
Deixarei marcas que refletes
No teu corpo e alma
Num espelho
Até ontem
Ana Rosa
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
terça-feira, 11 de agosto de 2015
domingo, 2 de agosto de 2015
Vida
VIDA
A existência em nós
Tem espírito próprio
Inigualável e sublime
Não se põe em causa
É algo que todos têm
Sem poder ter posse
Não é de ninguém
É pertença de todos
Anda ao nosso lado
É inultrapassável
Inconstante na estabilidade
Frágil na sua grandeza
Sensível na arrogância
Tudo isto tem um nome...
...Vida
Até ontem
Ana Rosa
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