terça-feira, 25 de agosto de 2015

Extravio





EXTRAVIO

 Aldeia...
 Devastada pela solidão
 Casas desabitadas
 Vazio instalado
 Ausências sem presenças
 Em casa não, casa sim
 Casa sim, casa não.
 Quem ainda resiste
 Entrega-se na recordação
 Sem muita aventura.

 Quem pisava essas pedras
 Mudou de endereço.
 Cartas vêm devolvidas
 Por endereço incorreto.
 Resta o embalar do barulhar
 Das águas da fonte
 Que matam a sede
 De quem fica.

 Quem resiste em ficar
 Confusos e sem saber onde
 Esperam pacientemente
 Com a impaciência medicada
 Que lá ao fundo
 No árido horizonte
 Apareça alguma notícia
 Há muito esperada.
 Talvez de quem já se foi ...

 Alma penada... 
 Que só agora pôde voltar! 
 Do fim que não tem pressa 
 Que o devagar...devagarinho
 Aconteça.
 Que dobrem os sinos.
 A sua ausência,
 Dita a não esperada hora
 Seu badalar faz estremecer
 Na sua constância!

 A bandeira das almas
 Circula de bengala
 Acompanhada pelos resistentes
 Até à sua última morada
 Com estada numerada
 E código postal...

 Até ontem

 Ana Rosa





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