EXTRAVIO
Aldeia...
Devastada pela solidão
Casas desabitadas
Vazio instalado
Ausências sem presenças
Em casa não, casa sim
Casa sim, casa não.
Quem ainda resiste
Entrega-se na recordação
Sem muita aventura.
Quem pisava essas pedras
Mudou de endereço.
Cartas vêm devolvidas
Por endereço incorreto.
Resta o embalar do barulhar
Das águas da fonte
Que matam a sede
De quem fica.
Quem resiste em ficar
Confusos e sem saber onde
Esperam pacientemente
Com a impaciência medicada
Que lá ao fundo
No árido horizonte
Apareça alguma notícia
Há muito esperada.
Talvez de quem já se foi ...
Alma penada...
Que só agora pôde voltar!
Do fim que não tem pressa
Que o devagar...devagarinho
Aconteça.
Que dobrem os sinos.
A sua ausência,
Dita a não esperada hora
Seu badalar faz estremecer
Na sua constância!
A bandeira das almas
Circula de bengala
Acompanhada pelos resistentes
Até à sua última morada
Com estada numerada
E código postal...
Até ontem
Ana Rosa
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