sábado, 25 de maio de 2019

Ser poema



Ser poema

(...) Como tuas palavras  são lindas,
 por tua mão escritas, 
numa leveza serena, 
existes em cada letra, em cada verso, 
... tu és, um poema!
No patamar da noite, 
como quem acaricia estrelas
somente tua mão sabe dize-las, 
da tua alma saidas, como culto!
 E depois mas dás, 
como lindas prendas!... 
Dizes serem pequenas, 
mas são elas para mim,
 as maiores do mundo!
São dádivas, são caricias, 
parecem  brisas  saidas,
de um campo de  perfumadas violetas...
Quando a luz prata no céu cintila
na copa do teu cabelo, 
tu simplesmente és, 
só  como tu sabes se-lo
e no instante desse teu encanto,
 se esbate a sombra do silêncio
 infinito que a ti me prende,
 ontem hoje e sempre!
Suspendes o tempo, no arrepio de um beijo,
tua voz é melodia perfeita
 em tons de madrugada
como flor que se agita nas linhas 
de uma aurora ainda deitada! (...)


Ana Rosa 

crz@direitos/reservados



sexta-feira, 24 de maio de 2019

Distancia



Desejo

(...) A vantagem da distância,
é aprender,
a desejar desesperadamente 
a proximidade!
Viver na escuridão,
Comendo o pó do chão,
tateando bolor, o caruncho 
entre a humanidade!
Ambicionando a luz,
ter fome e sede de claridade!
Fazer da mentira, 
verdade cega e distante!
Em terra dos sonhos, 
se fazer habitante
vagueando, 
como fugitivo da realidade!
Dizer tudo saber 
e mais não ser
que mero ignorante! (...)

Ana Rosa Cruz

Crz@Direitos Reservados

Arte
Mara Light





sexta-feira, 10 de maio de 2019

Arte,Mara Light



Meu...eu...



Meu, eu
(...) Nada é mais importante 
...que “eu”!
Quando tentam reduzir-me 
a minha suposta insignificância!
Há entre “mim” e “mim”, 
ausência na distância,
um “elo,” uma aliança, 
ligação mais que perfeita,
substância para a vida inteira
...Mesmo que o não queira!
Se meu “eu”, de mim se desligar 
deixarei de “me”ser inteira
Serei senão mais,
partícula imperfeita,
Poema sem tema,
Tocando absurdo raiar!
De palavras vazias, cuja intenção 
...é única e simplesmente, rimar!...
Num e qualquer incompleto lugar!
Neste fato, não serei última e vos garanto
nem tão pouco a primeira,
Predestinada a errar! (...)


Arquivos da alma




Arquivo da alma

(...) Cavalos de frio saltitam no tempo,
serpenteando nas algibeiras dos chinelos!...
A esquina acesa do cigarro nas bancadas da penumbra,
buscando arquivos de segredos nas serenatas da alma!...
Borralhos de lembranças tuas no guichet da saudade!...
O sossego da voz na flanela do abraço!
O aroma pó de arroz no lume do rosto,
o rosa das unhas nas campainhas da pele,          
os beijos sentados nas cedilhas do peito!...(...)

Crcruz

crz@Direitos reservados



Arquivo da alma


A queda



A queda

(...) Há sempre algo em torno de nós, 
Que aos nossos ouvidos flauteia, 
com melodiosa voz
como caçador rodeando sua presa
sem que visível ao nosso olhar, seja! 
Passa por nossas vidas, como veneno, 
e que com algo nos presenteia!
Impede que circule livremente
o sangue em nossas veias
É força voraz que nos cativa  
em sua teia nos enaltece 
e torna inatingível, 
julgando de tudo ser capaz, 
até do impossível!
Dá-nos a sensação de poder
incomensurável de tudo ter 
e também saber fazer.
Deslizando como algo pulsátil,
momentaneamente, tornamo-nos, 
invencíveis e versáteis.
Nestes momentos, 
surpreendemo-nos a nós mesmos 
e não nos reconhecemos, como nós.
Perante todos os outros, 
tornamo-nos irreconhecíveis.
Nossa voz fala baixo, num ensurdecedor ruído
Controlá-lo é ridiculamente difícil.
É fascinação em surdina, 
que nos chama com voz meiga, ardilosa e sutil
A ascensão da vaidade ... 
O precipício do fim do imbecil! (...)

Ana Rosa Cruz

crz@Direitos Reservados






Heroísmo




Heroísmo

(...) "Um herói solitário,
nada mais é, 
que um derrotado"
É barco no cais amarrado
convés destroçado
velas rotas
mastros antes erguidos e robustos, 
hoje quebrados
balouçando só triste e cansado
sobre ele pousam 
algumas gaivotas tontas
com a fixação
por tudo o que é encalhado
venerando ainda
heroísmos seus, do passado
olhando seus braços já sem vida
… Como a solidão lhe pesa,
quando a noite sobre si
se avizinha, 
embrulhando-o em véus de maresia
E ali perdido , 
prezo ao seu corpo velho e frio
cada dia que passa se sente mais pequeno, mais finito!...
Até que um dia, 
aquele lugar que ao cais deu tanto brio,
ficará para sempre vazio!(...)


Ana Rosa Cruz

crz@Direitos reservados



Ondas




Ondas

Os suspiros incandescentes
de uma lâmpada enforcada no tecto,
abrem clareiras de luz no escuro
de uma sala recheada de silêncio!...
As sombras beijam levemente
o cair das folhas da noite
que desfilam na passerele do soalho!...
Com tinta que a lua inventa,
pepitas esbranquiçadas do luar
atravessam os ombros das janelas
aplainando o fel da solidão
às cavalitas da lareira das palavras!...
Cavalos de frio saltitam no tempo,
serpenteando nas algibeiras dos chinelos!...
A esquina acesa do cigarro nas bancadas da penumbra,
busca arquivos de segredos nas serenatas da alma,
Borralhos de lembranças tuas no guichet da saudade!...
O sossego da voz na flanela do abraço,
o cordão de baton no elástico do sorriso,
o aroma pó de arroz no lume do rosto,
o rosa das unhas nas campainhas da pele,          
os beijos sentados nas cedilhas do peito,
o feitiço das meias nos pés de salto alto,
o desenho dos sonhos no incêndio da paixão,
o voar da poesia nas esferas do olhar,
todo o teu universo feminino que eu senti
no simples afastar das ondas do teu cabelo!....

Crcruz

crcruz@Direutos reservados


Bolha




(...) Hoje, tou com a bolha! (...)

Ana Rosa Cruz









quinta-feira, 9 de maio de 2019

Ilha





De volta à ilha

(...) Quando volta o tempo p'ra trás,
acordam dentro de mim,
aqueles instantes adormecidos,
o calor das vozes morenas,
que mesmo em sofrimento,
cantavam sorrindo
Jamais foram esquecidas,
sempre as trouxe comigo
O cheiro perfumado,
a canela, sândalo e baunilha
na memória da minha língua,
hoje ainda embutidos
O odor a incenso espalhado no ar
cobria cada  lugar,
com seu véu de cinza!
...Óh  tempo volta p'ra trás!...
Faz-me ser novamente menina
em teu redor a natureza é e sempre será,
 um imenso altar;
Os santos e rosas estão a par,
como ver passar um enfeitado andor.
Pombas voando beijam-se no ar
Ficarei sempre neste lugar,
mesmo sem estar
mesmo que jamais lá possa voltar.
Lugar onde o sal edificou,
 um monumento ao amor
banhado por vezes sem conta,
por ondas de dor,
Vá onde for, fique onde ficar
Jamais esquecerei o teu calor
Ilha banhada p’lo mar
onde cada manhã tem cheiro de céu e flor! (…)

Ana Rosa Cruz

crz@Direitos Reservados

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terça-feira, 7 de maio de 2019

Prisioneiras




Prisioneiras

(...) Hoje sou livre!...
A lei a tal me ordena
Para que tal acontecesse,
a guerra não foi pequena!
Em algum tempo e lugar,
muitas mulheres, cujo nome
é bordado poema
Mortas foram
ou  feitas prisioneiras! (...)

Ana Rosa Cruz

crz@Direitos reservados


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sexta-feira, 3 de maio de 2019



Um dia de cada vez

(...) Minha vida nunca foi fácil, mas sem
que alguém me ensinasse, sempre soube mais do que deveria saber...
Sempre vi mais do que era suposto ver...
Nunca tive nada, mas tive tudo o que não deveria ter!...
Sempre ouvi mais do que deveria ouvir,
de quem não parava de lamentar e questionar;
O que seria de mim um dia!
Como uma condenada, julgada e sentenciada, sem nunca ter sido ouvida!
Todas as noites me deitava morta...
Com a alma e mortalha encomendada
Para no dia seguinte ressuscitar
Morrendo lentamente a cada hora
Que passava...(...)

Ana Rosa Cruz

Crz@Direitos Reservados