quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Amizade




Amizade

(...) Amizade é como o amor!
É pura poesia!...
É partilha!...
Tantas e tantas vezes,
dura até que o queira a vida!
A amizade, é aquela coisa,
que se sente e não se explica!...
Não deverá ser fundamentada,
na falsidade e mentira!
Terá que "ser" e nunca simplesmente
parecer verdadeira!
Nasce com uma simpatia à vista primeira
com o passar do tempo,
transforma-se em transcendência!...
Cresce e torna-se empatia,
descobrem-se afinidades e parecenças,
sem que se seja da mesma família!
Tal como lápis e afia!
Para que não falte à escrita
nem uma silaba de digna!...
Partilham-se momentos e histórias de vida,
Muitas iguais, em suas diferenças
Agigantam-se cumplicidades!
Para que bem se entendam,
nada é preciso dizer!
"… um cala!... e ao outro parece que o gato,
 a língua acabou de comer!"
Amizade verdadeira, é o mais nobre sentimento
que o ser humano pode ter!
É desinteressado... Não possessivo ...
… Generoso, livre e bonito!
Verdadeiros amigos, ficam ao lado um do outro,
Sentindo a vida acontecer!
Sorrisos de cumplicidade, brotando nos rostos, 
como um amanhecer...
Porque querem e gostam ... Não por imposição ou necessidade
 ... ou falta de dinheiro!
É ofertar ao outro uma flor, 
como prova de fidelidade ... 
... é ser parceiro!
Ter um amigo verdadeiro, assim, não é fácil! 
... "é como tentar encontrar, uma agulha em palheiro"!
É saber e ter com quem contar para o que der e vier
Ter alguém que ouve e conosco chora,
Com ele dividimos magoas e nos acalmam,
nos abraça, limpam as lágrimas!
Quem assim uma amizade tiver;
Muito pouco lhe falta
... Tem ao seu lado um irmão de alma, 
ou um verdadeiro Anjo de Guarda!... (...)

Ana Rosa Cruz




segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Ganhar e perder




ENTRE TE PERDER E TE GANHAR
(À Conceição Ana Cruz)
Nunca te perdí
Tu foste embora
E me abandonaste
Nas tuas presenças
Sempre te acho em mim
Porque guardei-te
Todas vezes que te ofereceste
A mim
Guardei-te, guardei-te a ti
Não o teu corpo
Condenaste-me a ganhos eternos
Quando me abriste as portas
Do teu ser
Será que se perde
A água derramada à terra?
Se se perde, então eu me perdí no ganho
Porque eu sou a água sedenta de beber a terra
E tu és essa terra
Eu só me perdí
Quando te ganhei
Quando te perdí
Pessoei as presenças
Que alguma vez me ofereceste
Entre te perder e te ganhar
Te conhecí
Malemo Ndrengo


Saber perder



Saber perder


(...) Saber perder,
é penosa viagem!
Correr atrás do riso encoberto por lágrimas,
 num cais sentado ouvindo âncoras paradas.
É despertar em desconhecida paisagem!
Pela primeira vez, ter de nós a perceção disfuncional
e desfocada de nossa imagem,
largada numa lodosa margem!
Admitir já não ser peça principal de nada,
 nem  tão pouco secundária!
Peça desestruturada sem valor,
num amontoado, ou "pilha" de ferragens!
 P'lo chão espalhadas, ou prensadas em contentor,
tendo como último destino a reciclagem!...
"A vida é uma passagem esguia e minada"!
É nascer de novo, como rasa tábua!
- "Com tábuas, se fazem casas,
que às verdascas do vento abanam e caem"!
Saber perder,
é admitir que se bateu na porta errada.
 Que se jogou com carta fora do baralho, e dados viciados!
- Nada se constrói com promessas falsas e falácias!
- É sentir a saliva na boca e língua amarga
É aprender a dar o real valor, ao que antes nos adoçava!
"- Saber perder,
é entender pela primeira vez
 que nem sempre se ganha!..."
Saber que a vida é uma agenda.
Com horários e espaços marcados!
Que nos marcam!
Com escaras dolorosas difíceis de cicatrizar!
Saber perder,
é aprender de novo e de cor a tabuada
do (menos e mais, dividir e multiplicar)
e que a (prova dos nove), evita erros fatais!...
Aprender que quem se atrasa, fica apeado,
perde a viagem e muito sapato tem a gastar
se no mesmo lugar não quiser ficar!
Saber perder,
é aprender a manusear a linguagem da vida
com alma sem armas e bagagens.
Esvaziando pesadas algibeiras dos bolsos
de rimas e metáforas!
Associar sentimentos aos nomes,
deixando de fora vãs pronomes,
...”nem toda a água mata a sede,
há fontes envenenadas, mortais,
a que nem se lhes chegam os pardais"!...
Saber perder,
é  dramático,
é ver sedento filho no colo dos braços de ninguém
saciando a sede nas lágrimas apáticas de sua mãe!
Saber perder,
é aprender, que tudo o que começa finda,
 (diz a teoria, mas nunca a prática).
Compreender que o conceito de igualdade,
é tão falso como pragmático!...
- Nada é finito, nem tristezas, nem mágoas,
enquanto o homem a terra habitar!
Saber perder,
 é sentir na pele o coçar das noites frias e cerradas
e pela primeira vez, dar valor,
aos valores que tantas vezes negamos
e que gratuitamente nos davam!
Ter a noção,
de que atraso, não significa atrasado, incapacitado!
- "Não há igualdade na passada!...
Todos, têm na mesa lugar, no mesmo lugar!...
...Quer comam com mão direita ou esquerda!
Ver o novo dia nascer em cada madrugada!"
Saber perder,
não é fácil e não se nega!
- É fazer visita guiada ao inferno,
- É como adormecer num quente dia de Verão
e acordar em rigoroso Inverno!
Saber perder,
leva-nos a aprender tudo de novo!
- Ser modesto e sincero!
Quando se perde, há sempre uma boa razão
como decifrar enigma ou desvendar mistério.
Escolher caminhos é difícil!... Sim, é difícil!...
Nunca se disse ser fácil!... Não é fácil!...Não!...
-É alguém que volta,
 frágil  e de alma na mão!...Sem bagagem!...
... É como digo e afirmo!
...Um verdadeiro ato de coragem!...
-Tentar ganhar, após tudo ter perdido!... (...)


Ana Rosa Cruz


Crcruz@/469/2019/Direitos reservados


domingo, 24 de novembro de 2019

Oração





Pele das horas



Pele das horas
(...) Vasto horizonte,
habitáculo de minha mente!
Vejo meu Norte, Sul, Este e Oeste,
nascente e poente da minha existência!
Rios de estrelas apagadas, no rosto dos olhos,
Há rotações de silêncio!
Choros e penas desfizeram-se
em lágrimas de espuma vidradas!
Nelas alongo meu olhar
para além da distância visionada!
Nada mais sou que passageira do tempo
viajante sem bagagem
presa p'la pele das horas
em cais de noite trovejada!
Esperando aquela luz envergonhada
cavalgando à cintura das trevas
e nelas acorrentada!
Sentada sobre os ombros da madrugada,
o tempo ladra, morde a espera!
Fere, dói como ferida infetada
esperando comigo,
por minha viagem adiada!... (...)
Ana Rosa Cruz



sexta-feira, 12 de julho de 2019

Nada





Nada


(...) Nada e ninguém por mim espera
na sombra do meu passado
na nesga do meu presente
tão pouco em meu sonho acordado
no futuro de mim sempre ausente
Ninguém já me espera,
neste conturbado mundo
nem quimera de semente plantada
neste meu querer mais profundo
Sou um todo abandonada
balançando ao compasso do tempo
neste meu passo descrente
como velha e seca folha,
levada p'lo vento,
esperando tão ambicionado momento
Foi estoica minha luta
tão breve como curta
somente me restou o nada, o inútil.
Caminhei só, sem resposta
esperando vã e apagada pergunta
neste vazio que me consome por dentro
como pássaro moribundo
que de tanto me querer lembrar,
vou já esquecendo tudo.
Deixo o mundo com noção
de missão cumprida
Levando a dor comigo de mão dada
por nunca ter sido esperada
Visão que mal enxerga,
aquela luz fria, que dói,
como aberta ferida
lá longe ao fundo do túnel! (...)

Ana Rosa Cruz

crz@Direitosreservados







domingo, 7 de julho de 2019






Colina no espaço


(...) Enquanto o sol vai dormindo,
de écharpe negra aos ombros,
a noite acendeu o abajur das estrelas!
Mágicos pirilampos na colina do espaço...
Planando feliz em asa delta,
o vento amarrota a seda do ar,
vulto andarilho na neblina transparente
que encaracola frio na espinha dos meus dedos!
Com toucados de conchas às costas,
rebanhos de nuvens despedem-se do céu,              3
abrindo portas à caravana da luz!
Algo de espiritual se liberta
quando ondas lunares de veludo
limpam o rímel da noite!
Sapatinhos de prata do luar
chapiscam nas estacas do orvalho!
Sem medo de se despir à janela
dos colarinhos do céu,
com o brilho dos brincos roubados ao sol!
levanta-se a lua do conforto do sofá do silêncio,
como se convidasse a terra a visitar o céu! (...)




Ana Rosa Cruz




crcruz@/Direitosreservados

Particípação em Ciranda




Ciranda


Quando tudo acaba
(...) Por todos os seres és respeitada
Não fosses tu o mistério da finalidade
Sem preferência por sexo ou idade.
Profecia, decomposição, massa sangrenta
O fim do caminho, porta de cadeado
Ou cinsas p´lo vento levado
encarnam teu nome, tua personalidade
Tudo contigo acaba
Mentira, sobranceria e vaidade
O princípio da dor e saudade.
O fim em pote, depois de cremado(...)




Ana Rosa 

crcruz/Direitosreservados




https://www.facebook.com/universodopensamento?fref=ts


Inconstância




Inconstância
(...) Como gostaria que a vida,
não fosse somente momentos!
Com dois pesos e duas medidas
Como horas de relógio evadidas
de corda partida...
Não atam nem desatam vidas
São penas pairando em sopros perdidos,
esperando os desígnios da balança da justiça
Há minutos que nos fascinam!
Outros que perecem, sem chegar
a olhar a luz do dia...
E tão poucos os que nos ressuscitam!...
Dias e dias seguidos, nos nauseiam e maltratam
O tempo é um novelo longo,
difícil de ser desenrolado...
Momentos doces alternados,
entre outros que tanto nos amargam
Nos aproximam e afastam
O tempo é um conto de fadas, sem magia
Rostos lindos, belos sorrisos
num segundo fazem-no perder o tino
a quem de juízo.
Abrem-se como flores
que nos perpetuam e afagam
Fazendo-nos complemento de claras paisagens
Outros, ao nos olhar,
Desventram-nos e matam-nos! (...)

Ana Rosa


https://www.facebook.com/universodopensamento?fref=ts

https://www.facebook.com/groups/poesiasopoesia61/?fref



terça-feira, 25 de junho de 2019

Rudeza



Rudeza

(...) Vá!...
Faz-te à vida minha filha
Tens uma vida p'la frente.
E em tuas veias a maresia a pulsar
Cresce, tens muito que palmilhar,
tens que aprender a abarcar!
Saber cruzar as mãos no peito
e deixar a tempestade passar...
A morte está prometida!..
Brevemente deixarão meus seios,
de ter leite para te alimentar.
Mesmo que viver te pareça um dia,
algo fétido, áspero e enegrecido,
como cinza ardida.
Não chores!
As lágrimas têm gosto a sal
e para salgado, bem basta o mar!
Olha e com ele aprende!...
Ele sabe dar mais, do que tirar!
Nele encontrarás engenho que te sirva.
Amanhar peixe e redes consertar,
Esta será tua sina!
O que está escrito, jamais se poderá apagar,
mesmo que por muitas mulheres finas,
esta vida, seja rejeitada e cuspida!
Só tens que a honrar,
nunca dela te envergonhar!
Muitas não sabem a alegria ou o prazer,
que o pescador tem ao ver
o peixe debatendo-se nas redes
quando acabado de pescar .
Teu pai e teu irmão lá andam,
mesmo que não gostem de lá andar,
para que entre teus dentes,
pão tenhas todos os dias para mastigar!
Se algum dia eles se forem,
o mar é a única herança
                                             que eles nos hão de deixar! (...)

                                                      Ana Rosa Cruz

                                               crz@Direitos reservados

                           https://www.facebook.com/universodopensamento?fref=ts

                           https://www.facebook.com/groups/poesiasopoesia61/?fref=ts





quinta-feira, 6 de junho de 2019

Zig-zag





Zig Zag

(...) A vantagem da distância,
é aprender a conviver com a ausência
desejar desesperadamente
Tocar a proximidade!
Viver na escuridão,
Comendo o pó do chão,
tateando bolor, o caruncho
entre as ruas da humanidade!
Ambicionar a luz,
ter fome e sede de claridade!
Fazer da mentira,
verdade cega e distante!
Em terra dos sonhos,
fazer-se habitante
vagueando, como fugitivo,
fugindo da realidade em
...zig...zag!...
Dizer tudo saber e mais não ser
que mero ignorante! (...)

Ana Rosa Cruz

Crz@Direitos Reservados

Arte

Mara Light






Alquimía



Alquimia
(...) Por alquimia secreta,
a aragem das estrelas
nos fios do meu cabelo,              
mudou-lhes a cor escura
para a prata singela
de uma rosa de cetim...
Novelo de linho na corrente do tempo,
cabelo branco é ribanceira de segredos,
planalto de lírios que alvorece
a solene expressão facial...
Dançarino de cristal que roda ao vento,
o cabelo da cor das nuvens
é poeira madrepérola
do lenço de penas de uma gaivota
que escreve saudades nas areias da memória...
Bandeja de paixões,viagens únicas,
sono de uma carta da infância,
ramagens de cera na chama das palavras,
cabazes de lágrimas no acender dos olhos,
raízes de céu no perfume do pensamento...
Cabelo branco despenteado
é o balanço do sonho nos plátanos do tempo,
coroa de folhas banhada nas marés,
cartola de rosas numa ópera de lembranças,
piercings brancos pincelados por Deus...
A voz da idade no cabelo
é a linguagem da vida no vestido de uma lua,
é o cantar de um destino rente ao pôr do sol,
é o silêncio dos aromas de um lábio,
é a silhueta que adormece na humidade do olhar...
Quando o coração de um cabelo branco
os olhos para o céu levanta,
não parece homem,parece santo (…)
Ana Rosa

Crcruz61

crz@Direitos/reservados




Vibração

(Dizer nunca)

(...) Dizer nunca, 
é derrubar a fé p'la raiz.
É matar a ilusão, morrer sem ter querido sentir 
aquela vibração que a ser feliz nos ensina!
Dizer nunca, 
é viver a vida, como quem nasceu em vão!
É ter no peito um espaço vazio, sem coração
que não bate, nem  vibra!
Dizer nunca,
 é não querer questionar, 
procurar respostas para tantas perguntas
e ficar só p'la interrogação!
Dizer nunca, 
é dizer, que se não tem ... nem se quiz ter nunca!
Que se não é,
 sem questionar, se poderia ter sido coisa alguma!
É embalar aquela antiga e ainda
 aberta ferida, 
cuidá-la, até ser cicatriz 
Dizer nunca
é viver em constante recusa 
em começar de novo, como mero aprendiz!
Dizer nunca, 
é viver como arbusto solitário
 em terra infecunda
fazendo de sua norma a teimosia
fustigado p´lo vento sem dó e piedade
por mais forte que seja a tempestade
seu frágil tronco oscila inclinado
desafiando a lei da  gravidade!
Dizer nunca.
 é viver com voz estrangulada na garganta, 
com olhar de medo que espanta
 não ter vontade, nem ambição
viver entre o choro e lamentação
como defunto
questionando porque morreu 
esperando repleto de esperança 
 resposta em  sua ressurreição!
Dizer nunca,
é  evadir-se no tempo
como casa devoluta   fria de horas e minutos,
em parado relógio de pendolo
recluso no seu próprio mundo
sem levantar os olhos do chão
Dizer nunca, 
é ficar de alma vazia
é como como fraqueza em peito forte,
um surdo rastejar de sombra fria
misto de loucura e agonia,
entregue á  sua própria  sorte
Ainda em vida, nada mais não é,
que visão prévia da sua própria morte
Dizer nunca
É  ter seu destino escrito e apagado,
vezes e vezes sem fim
escrito  numa ardósia com pedaço de giz
Viver assim
 é um choro debruçado,  
pranto crispado com rosto entre mãos
choro que não apaga desencanto
soluçar de amargura que abrasa e tortura
 sob tábuas que hão-de ser do seu caixão! 
É sofrimento tal!
É sofrer loucamente, em permanente luto,
como se luto fosse culto!
Colher em doces frutos,
todas as amarguras do mundo
... é tão pouco ser é muito querer fazer!...
Viver assim,
é ter tão pouco, sabendo a muito
Ser eternamente recluso
É nunca saber como dialogar com o mundo
Duvidando de todos e tudo
Nunca baixar suas armas e escudos
É  choro... sem soluço... 
... de olhos enxutos!... (...)

Ana Rosa Cruz


crz@direitos/reservados