segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Menina da Trança Preta





MENINA DA TRANÇA PRETA

Menina da trança preta
Seu sorriso é uma prenda
Só de a olhar...
Acaba-se toda minha tristeza
Seu sorriso a faz pequena

Menina da trança preta
Lava seus cabelos
Com o brilho das estrelas
É pequena na sua beleza
Toda mulher é única
Na sua formosura
Mas bela, bela não há
Como a mulher portuguesa
Pequena...
Mas grande em destreza
Com coragem o trabalho enfrenta
Seu sorriso ilumina a aldeia inteira
Que me queira ela...
E não ficará solteira...

Alegre, faz as vindimas
Do seu estar não se lastima
Cacho a cacho
Enche a sua cestinha de uvas
Seu perfume com elas se mistura
Uva moscatel ou bastardo
Depois de bem fermentado
Dará um bom vinho
Ou um ótimo abafado

O cesto vai ficando pesado
Quanto melhor é a casta
Mais engrossa o cacho
Cacho algum ficará na parreira
Em si tudo tem preceito
Como a sua bela trança
Que sempre ao amanhecer
A faz muito bem feita

Depois do vinho fermentado
Dos restos dos engaços
Faz-se água ardente ou bagaço
Vai a ferver no alambique
Que só o cobre dignifica.
Espera-se que depois de feita
Licores de muitos sabores
De variados frutos os adocique.
Quem vindima a sua vinha
A natureza dignifica
A azáfama assim obriga
Espera-se... e vai-se bebendo
O antigo vinho velho
Que ainda se mantém no pipo
Chegará o dia tão esperado
Provar-se-á o novo vinho
No dia de São Martinho

Ao provar o novo vinho
Já na asa pesa um grãozinho
Espalha-se um perfume no ar
Há um bem-estar de beleza
A alegria está no ar e sem tristeza
Há amizade e amores a declarar

"Menina da trança preta
Se comigo quiser casar
Não irá ficar solteira!"
Com um arrojo de zombaria
--- Ai, ai que sorte a minha!
--- Não, não!...
--- Tua parreira tem muita parra
--- Mas muito pouca uva!...

Até ontem

Ana Rosa




Sem comentários:

Enviar um comentário