RAIZ
Desmembram-nos
Tornamo-nos penduras
" Deste presente enrolado"
Herdado de longínquo passado
Quem de nós herdar
Terá que tapar
Muitos " buracos"
Reconstruir o homem...
De raiz!
A perda das capacidades humanas
Está no desmembramento
Induzido ao homem
Não há corpo sem mente
A vontade só por si
Não produz movimento
Sem alma o corpo nada sente
Não sente a emoção que chora
A vida separou o homem
Em duas partes
O corpo no cimo
E a alma em baixo
Tudo emaranhado...
Como cartas dum baralho
O corpo remenda-se!
Tudo nele é remendável
Tratável...
Cérebro!
Substância musculada
Por vezes baralhada
Com tanta tralha
Que não serve para nada
Com danos irreversíveis
A consciência se perderá...
O errático da pendura...
Será o normal dum dia frio
Estranho...
Bizarro…
Que causa arrepio
O surreal é consciência...
Natural
Ao chegar a casa
"O homem..."
Despem seu corpo
Penduram a cabeça
...Num bengaleiro
Deitam-se!
Acompanhados da bengala
Desaprenderam de dormir
De manhã ...
Come o pão
Que o diabo amassou
Esquecem de se vestir
O seu relógio mental
Revela-lhes o atraso
Para ir a lugar nenhum
Saem à rua...
"O rei vai nu!"
Vivem com o intrínseco
Dum relógio de cuco
Que se desmembrou
Em milésimos de segundo
Acabou a noção de tempo
As lágrimas
São peças de antiguidade
Vendem-se a metro
Em antiquários voadores
A consciência está onde judas
Esqueceu as botas
Todos serão felizes
Para sempre...
Ou não!
Um chapéu de chuva
Com asas e sem fralda
No seu voo rasante
Os presentearam com "bosta"
Estranho
Ou não
Hoje são felizes...
Há uma borboleta à espera
Que se vistam
Para pousar nos seus ombros
O futuro espera-os
Com cascatas de felicidade
Até ontem
Ana Rosa
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