terça-feira, 2 de junho de 2015

Raíz




RAIZ

Desmembram-nos
Tornamo-nos penduras
" Deste presente enrolado"
Herdado de longínquo passado
Quem de nós herdar
Terá que tapar
Muitos " buracos" 
Reconstruir o homem...
De raiz!

A perda das capacidades humanas
Está no desmembramento
Induzido ao homem
Não há corpo sem mente
A vontade só por si
Não produz movimento
Sem alma o corpo nada sente
Não sente a emoção que chora

A vida separou o homem
Em duas partes
O corpo no cimo
E a alma em baixo
Tudo emaranhado...
Como cartas dum baralho

O corpo remenda-se!
Tudo nele é remendável
Tratável...
Cérebro!
Substância musculada
Por vezes baralhada
Com tanta tralha 
Que não serve para nada

Com danos irreversíveis 
A consciência se perderá...
O errático da pendura...
Será o normal dum dia frio 
Estranho...
Bizarro…
Que causa arrepio
O surreal é consciência...
Natural

Ao chegar a casa 
"O homem..." 
Despem seu corpo 
Penduram a cabeça 
...Num bengaleiro 
Deitam-se!
Acompanhados da bengala
Desaprenderam de dormir

De manhã ... 
Come o pão 
Que o diabo amassou
Esquecem de se vestir
O seu relógio mental
Revela-lhes o atraso
Para ir a lugar nenhum

Saem à rua...
"O rei vai nu!"
Vivem com o intrínseco
Dum relógio de cuco
Que se desmembrou
Em milésimos de segundo

Acabou a noção de tempo
As lágrimas
São peças de antiguidade 
Vendem-se a metro
Em antiquários voadores 
A consciência está onde judas 
Esqueceu as botas 

Todos serão felizes
Para sempre...
Ou não!

Um chapéu de chuva
Com asas e sem fralda
No seu voo rasante
Os presentearam com "bosta"

Estranho
Ou não
Hoje são felizes...
Há uma borboleta à espera
Que se vistam
Para pousar nos seus ombros
O futuro espera-os 
Com cascatas de felicidade

Até ontem

Ana Rosa

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