terça-feira, 23 de junho de 2015

Esconder





ESCONDER


Escondo-me nos meus versos
Em versos e reversos
Revelo sentimentos incompletos...
Como um jogo do gato e do rato
Mostro somente o meu outro lado
O lado que é o meu contrário
Neste espaço vago
Acrescento uma ou outra vírgula
Onde às vezes corto palavras
Outras vezes as acrescento
Baralho os meus sentimentos
Com vontade e desejos
De me querer ir embora 
E ficar ali ao mesmo tempo

Não me reconheço, confesso
Deixo escapar contratempos
Velejares mordazes 
De seres incapazes 
De juntar letras e fazer poemas
Por vezes a perfeição ausenta-se!

Por tanto errar, escondo-me
Em pontos de interrogação
Escapam-se-me as palavras
Que erradamente foram ditas
Outras, que por esquecimento 
Deveriam de ter sido ditas
E nunca tal aconteceu

Nunca digo que sinto frio
Simplesmente levanto-me 
E procuro um aconchego
Nos meus versos tento esconder
Erros gramaticais angustiantes
Que sempre tento valorizar
As coisas acabam por me escapar
Escondo-me com palavras a menos
Ao não me deixar amar

No poema está o que quero
E também o que não quero
Por palavras encobertas
Porque por estar aqui
Não tenho que me descrever
Com fantasiosas indumentárias
Gosto do translúcido e indefinido
Escondo-me no invisível
Abro frestas para me esconder
Sou cúmplice com as palavras

Quando for julgada 
Por cometer tamanho crime
Não direi uma só palavra
Serei salva 
A culpa será da lerdeza da justiça 
E da sua aparência colorida 
Penas aparentemente cumpridas 
Juízes de crista caída 

Até ontem

Ana Rosa - Junho 2015




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