terça-feira, 2 de junho de 2015

A Hora Mudou




 A HORA MUDOU

 Pensei ter chegado cedo demais
 Mas a hora adiantou
 Já tudo tinha sido atribuído
 Não havia um papel para mim

 Faria de cega e leria mímica...
 Mas como o dever me obriga
 Espero ali mesmo pelo amanhã
 Minhas mãos já tremem
 Mas mesmo tremelicando
 Tentam agarrar-se ao que já perdi...
 Ao papel de cega que lia mímica

 Já tive fé e amei a vida.
 Agora, não amo ninguém
 Fiz-me desaparecer há muito.
 Onde estão os abraços e vivas
 Em forma de elogios?

 Tudo se esfumou como por magia.
 Que ironia a minha vida.
 Tentando um papel de cega lendo mímica
 Minha esperança esfumou-se 
 Ouço ecos dum passado longínquo
 Como saída dum filme de terror...
 Ainda me cheira a queimado
 Deus meu...

 Há tantas cinzas pisadas
 Rastos de pessoas arrastadas
 Enxergo com um olhar de saudade 
 Para a porta de entrada na rua
 Onde tantas vezes o teu olhar
 Me deixava toda nua

 Já nada sinto de tanta euforia
 Fui beijada e beijei-te
 E mais um beijo eu pedia
 Até que um dia, o sabor do beijo
 Teve gosto de despedida.

 Espero um papel num filme
 Duma cega que lia mímica


Até Ontem


Ana Rosa


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