ARCA
Fotografo-te
Imagem de ti capto
Prendo-te num espaço
Como se num vazio flutuasse
Repleto de tudo e nada
Passado que fala
Transparências de tudo
Somado a mais nada
Alma sedenta guardada
Numa velha arca
Corroída pelo tempo
Onde se escondem relíquias
Dum precioso tesouro da alma
Palavras de ouro e prata
De cor enegrecida pelo tempo
Tempo de pontos negros
Obsoleto silêncio
Letras em rodapé de cor preta
Norma ignorante aclamada
Completa sabedoria silenciada
À hora errada
Guardada em gaveta fechada
Sabedoria da alma
Escrita em letras e palavras
Palavras que não seguiram
O ritmo do vento
Tornaram-se em ventania
Em arca trancada
A arca à chave se trancou
Corpo à morte se entregou
Palavras já não escreve
Flutuante alma
Espirito leve e esvoaçante
Que muito encanta
Que somente pensa
Em palavras de transparência
Que na arca guardou
E que alguém achou
E para o vento lançou
Palavras da alma
Tiradas da velha arca
Até ontem
Ana Rosa
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