METAMORFOSE
Era um dia como outro qualquer
Dia de uma metamorfose
Que agonizava há muito
Vivências hibernadas
Deixando para amanhã
O que hoje não se pode fazer
É como ser rejeitado à nascença
Batizado com nome alheio
Nome que não se sente nele
Não se sente enquadrado
No longo bailado da vida
Duma musicalidade sublime
Sente uma urgência desafinada
Uma tremenda angústia
Vontade de se encobrir do mundo
Ânsia de sublimação do seu querer
Do seu querer em ser diferente
Quer amar e ser amado
Como a outra gente
Quer desabrochar
Entregar-se ao mundo
Que o rejeita e o faz sangrar!
Quando sair do estado de crisálida
Quererá mostrar como é
O quão mais belo e perfeito será
Fará dos seres imperfeitos
Costelas de Adão
Mudará mentalidades cavernícolas
Dos perfeitos...
Com sexo pré-determinado!
Libertar-se-á do nome
Colorido e escarnecido
Que toda a vida o acorrentou
A metamorfose está concluída
Quer libertar-se
Abram o seu cadeado
Deixem-no ser ele de verdade
Andar entre os pingos da chuva
Sem se molhar
Quer viver como toda a gente
Seu sangue e sua vida
Dos outros, em nada é diferente.
É igual...
A toda a gente
Até ontem
Ana Rosa
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