terça-feira, 2 de junho de 2015

Roleta




 ROLETA

 Nos últimos momentos,
 Consciente ou inconscientemente
 Já não há nada a perder
 O jogo está a terminar!
 Recolhem-se as fichas
 Continua-se a sobreviver
 Vivendo cada minuto sofregamente
 Como se não houvesse amanhã

 Será que haverá amanhã?
 Haverá um amanhã honroso
 Com uma dívida a cumprir
 De constante desfrutar de glórias
 Que acabarão como derrotas

 Olhos fixos em rodas
 De sorte ou azar
 O suor cai do rosto
 Rei morto.....rei posto
 Um anel!
 Que já brilhou
 Que agora está a rodar
 Na roda do azar

 Vão-se os anéis e ficam os dedos
 Jogo promessas e ânsias 
 Em forma de dívidas incumpridas
 Jogo o remorso do incumprimento
 Jogo minha vida sem fantasia

 Jogo com o desgosto
 Tento não fracassar
 Escondo-me nele e com ele
 É também a insatisfação de jogar
 Sem poder parar de jogar
 Comigo mesmo na roleta russa

 Na sala há um cheiro nauseabundo
 A tabaco morto
 Há muito dinheiro,
 Mulheres rançosas
 Ranhosas de vícios
 Há drogas
 Sexo insatisfatório e neurótico

 Há esperança
 Gosto amargo do abismo
 Abismo onde estou a caír...
 E a deixar-me ir
 Tirem-me daqui
 Tenho medo e não tenho!
 É a minha vez de jogar
 O revólver está na minha fontanela

 Prometo ser a última vez... hoje
 Amanhã?... não sei


Até Ontem

Ana Rosa

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