ROLETA
Nos últimos momentos,
Consciente ou inconscientemente
Já não há nada a perder
O jogo está a terminar!
Recolhem-se as fichas
Continua-se a sobreviver
Vivendo cada minuto sofregamente
Como se não houvesse amanhã
Será que haverá amanhã?
Haverá um amanhã honroso
Com uma dívida a cumprir
De constante desfrutar de glórias
Que acabarão como derrotas
Olhos fixos em rodas
De sorte ou azar
O suor cai do rosto
Rei morto.....rei posto
Um anel!
Que já brilhou
Que agora está a rodar
Na roda do azar
Vão-se os anéis e ficam os dedos
Jogo promessas e ânsias
Em forma de dívidas incumpridas
Jogo o remorso do incumprimento
Jogo minha vida sem fantasia
Jogo com o desgosto
Tento não fracassar
Escondo-me nele e com ele
É também a insatisfação de jogar
Sem poder parar de jogar
Comigo mesmo na roleta russa
Na sala há um cheiro nauseabundo
A tabaco morto
Há muito dinheiro,
Mulheres rançosas
Ranhosas de vícios
Há drogas
Sexo insatisfatório e neurótico
Há esperança
Gosto amargo do abismo
Abismo onde estou a caír...
E a deixar-me ir
Tirem-me daqui
Tenho medo e não tenho!
É a minha vez de jogar
O revólver está na minha fontanela
Prometo ser a última vez... hoje
Amanhã?... não sei
Até Ontem
Ana Rosa
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