quarta-feira, 27 de maio de 2015

Tango



 TANGO

 Chega-te a mim
 Eu devagar me chego
 Já um violino toca
 Com desespero
 Acaricia-me o sonho
 Toma-me em silêncio
 Agarra o meu corpo
 De ombro a ombro
 Começa a dança 
 Da alma em sofrimento
 Onde tudo se revela
 O vermelho e preto
 Dança do escombro
 Da média luz

 Dança da provocação
 Da sedução e tristeza
 Perdição e paixão
 De tudo o mais 
 Que vem de dentro...

 Nossos corpos se revelam
 Numa música sem letra
 Nossos corpos são expressão 
 Dançada da alma 
 Que se lamenta
 Ao som de um violino
 Como poema embriagado

 Raio misterioso, consola-me!
 Consolo-te!
 Toca-me, toco-te
 Fazer um gesto em qualquer momento
 Terás o valor da minha dor
 Angústias do abandono 
 Sem sentimento...
 Dançamos agressivamente
 Nas entrelinhas do salão
 A céu aberto somos um só 
 Mistura-se o nosso cheiro
 Em cada movimento

 A expressão do pecado
 Está presente em todo o lado.
 De olhos fechados
 Dançamos o tango vital
 Onde há luta sensível, 
 Mas invisível

 Não há vencedores nem vencidos
 Somos o bem e o mal
 Exorcizamos sentimentos 
 Com piano, bandoneon e violino...
 Tudo mais é incremento
 Em perfeita sincronia
 Alma e melodia.
 Damo-nos em gestos tangados
 Sentimentos de raiva e amor
 Guardados com cadeados

 Olhos fixados em nós
 Olham-nos como condenados
 Tango é uma alma sonora
 Incomoda!...
 Não pode ser silenciado
 Tocam-nos com luxúria
 Chocamos os púdicos
 Mal amados
 Que não se amam com o tango
 Mas com a amargura insegura

 Acaricia-me o sonho
 Com teu sorriso
 Dança um tango comigo
 Terás o meu suspiro
 És o meu amparo 
 Com um sorriso dançante 
 De alma não distante

 És vida em mim
 És caliente
 És alma que se purga
 Que se acalma
 Dança comigo um tango
 Até de madrugada
 E... com tanga
 Leva-me para a tua cama
 E...
 Com verdade mentida
 Diz ....
 Que me amas
 Que eu finjo que acredito 

Até Ontem

Ana Rosa

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