TANGO
Chega-te a mim
Eu devagar me chego
Já um violino toca
Com desespero
Acaricia-me o sonho
Toma-me em silêncio
Agarra o meu corpo
De ombro a ombro
Começa a dança
Da alma em sofrimento
Onde tudo se revela
O vermelho e preto
Dança do escombro
Da média luz
Dança da provocação
Da sedução e tristeza
Perdição e paixão
De tudo o mais
Que vem de dentro...
Nossos corpos se revelam
Numa música sem letra
Nossos corpos são expressão
Dançada da alma
Que se lamenta
Ao som de um violino
Como poema embriagado
Raio misterioso, consola-me!
Consolo-te!
Toca-me, toco-te
Fazer um gesto em qualquer momento
Terás o valor da minha dor
Angústias do abandono
Sem sentimento...
Dançamos agressivamente
Nas entrelinhas do salão
A céu aberto somos um só
Mistura-se o nosso cheiro
Em cada movimento
A expressão do pecado
Está presente em todo o lado.
De olhos fechados
Dançamos o tango vital
Onde há luta sensível,
Mas invisível
Não há vencedores nem vencidos
Somos o bem e o mal
Exorcizamos sentimentos
Com piano, bandoneon e violino...
Tudo mais é incremento
Em perfeita sincronia
Alma e melodia.
Damo-nos em gestos tangados
Sentimentos de raiva e amor
Guardados com cadeados
Olhos fixados em nós
Olham-nos como condenados
Tango é uma alma sonora
Incomoda!...
Não pode ser silenciado
Tocam-nos com luxúria
Chocamos os púdicos
Mal amados
Que não se amam com o tango
Mas com a amargura insegura
Acaricia-me o sonho
Com teu sorriso
Dança um tango comigo
Terás o meu suspiro
És o meu amparo
Com um sorriso dançante
De alma não distante
És vida em mim
És caliente
És alma que se purga
Que se acalma
Dança comigo um tango
Até de madrugada
E... com tanga
Leva-me para a tua cama
E...
Com verdade mentida
Diz ....
Que me amas
Que eu finjo que acredito
Até Ontem
Ana Rosa
Sem comentários:
Enviar um comentário