quarta-feira, 27 de maio de 2015

Bola de Cristal



BOLA DE CRISTAL

A cegueira que dizem eu ter
Foi-me transmitida 
Por quem me apela
De visão dúbia...

Só minha alma vê
Porque olhar não consigo
Não tenho pretensão 
De me ter como umbigo
Sou livre de amarras 
De cordão umbilical

Aspiro a algo mais...
Que simples animais
Brinco com o remorso
De não ser capaz de olhar
As incertezas do amanhã
Muitos as preveem na bola de cristal
Eu olho-as de frente
Sem pestanejar
Porque sou cega...
Sinto-as perto de mim
Sentidas as leio
Em forma tão real!

O que escrevo, não é pontuado
Como um bordado
É ditado com a pontuação da alma
Que sente cada momento que passa 
Como pássaro que esvoaça
Que entoa pausadamente 
O piar que me vai na mente
É opaco o que me enfrenta
Com pura água cristalina desfaço
Dou-te em troca um odor
Um bocado da minha forma de ver
Diz-me o que sentes!

Até Ontem

Ana Rosa

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