segunda-feira, 25 de maio de 2015

Laços de Sangue



LAÇOS DE SANGUE

És veneno
Vestido de vermelho e preto
És desejo que me satisfaz
Que me torna sereno
Recolhes meu medo 
Entrego-me aos braços do teu 
devaneio
Percorres meu corpo
E o tateias com suaves dedos
Vazio de sentimentos
Em tempo lento 
Em sagrado segredo
Num profundo silêncio
És diabo em figura de gente

Atrasas meu tempo
Já conto séculos inteiros
Num, tik... tak... tik... tak
Diminuis meu desgaste
Eliminas meus despeitos
Tiras-me as dores da alma
Que já não tenho
Já muito gasta
És o meu engaste
Tudo isso me acalma
Tudo isso me basta
Aumentas meu tempo de vida
O que me desgasta
Em, tik... tak...
Para estar a horas
Onde não faço falta
E aquele relógio da sala
Que não para
Tik... tak... tik... tak

Passado este efeito sereno
Sangue morno e quente
Senti arrependimento
Faltei à promessa
Que te tinha feito
Sou um ser imperfeito
Estou, atrasadamente atrasado 

Cansado num derramado leito 
De ti ser prisioneiro
Quero fugir de ti
Corrigir em mim defeitos
Devaneios a vermelho e preto
Sou melancólico
Tu melancolia
Tenho a vida manchada de sangue
Tua dentada provoca-me sangria

Nada devo à perfeição
Tu também não
Ontem estava cá
Hoje não
Não me olhes travesso
Com teu ar de censura
Esse olhar que me dói
Minha mente perfura
E me leva a ter dor
Que não passa de uma tortura
Que dura e dura...
Há muito tempo

Meu entendimento já não sente
Não sei o que é passado
Nem tão-pouco presente
Queimei a mente com teu veneno
Agora não me entendo
E entendo, ao mesmo tempo
Com este meu sentimento
Angústia de não ter mais tempo
De sair da tua malvada sombra
Vermelha e preto

Dos outros sinto o seu desprezo
Pelo meu comportamento
Só a mim falto ao respeito
Tornei-me num ser sangrento
Com o passar do tempo 
O vício por ti foi crescendo
Não vou a tempo de apagar
O gosto pelo teu veneno

Agora!...
Falta-me sentido de vida
Sou corvo de asa partida
Contigo provei tua água
Que dizias ser divina
Tão pura e sarcástica
Cheia de preconceito
Colorida de vermelho e preto
Agora me culpo
Por te pensar tão pura
E de alma tão escura 

Tua pureza não é real
És coisa estragada 
Em decomposição
Virada ao contrário
Não deitas nada
És negrura
Teu sabor é mortalmente amargo
É mortalha

O teu tik..tak...
Está avariado
É ainda do século passado
És puro preconceito
Tu és a pureza 
Eu sou o imperfeito
Tu és a virtude
Eu sou o defeito
Tu, és a morte pintada
De vermelho e preto

Até ontem

Ana Rosa

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