sábado, 23 de maio de 2015

Eu sei



EU SEI

Olha para mim! 
Assim!
Como pela primeira vez olhaste
Para mim!

Dispo-me de todo o carmim e baton
Fecho meus olhos para me despedir
Das lágrimas que verti 
Por ti!
Saio sem nada dizer
De minha boca nada ouvirás

Partirei suavemente
Da mesma forma como entrei
Partirei descalça
Como cheguei!
Quando cheguei trazia alma
Agora partirei
E minha alma te deixarei!

Não me impeças de tua vida sair 
Vou porque quero partir
Li teus sorrisos errados
Calçaste-me sapatos apertados
Deixei de me sentir
Ao pisar o chão

Descobri em teus silêncios
Um olhar de reprovação
A rudeza de tuas palavras
Tinham o som dum trovão
Senti que não te queria
E nem tu me amavas
Desejos, somente havia entre nós
Sem palavras! 

Dei-te tudo o que podia
Dei-te
Em ti sempre pensei
Como um ser abençoado
E divinamente me abençoei
Pensei que me amavas 
Pensei!

Passei a vida a levar "lambada"
Muita "lambada" levei!
Minha deceção foi grande
Magoada ficou minha alma
Magoada fiquei!
Não sou mulher de vontades
Nem de caprichos e futilidades
Maldita hora que me olhaste
E eu te olhei 
E tu me agradaste 
E eu te agradei! 

Agradei-te à primeira vista
Mas deixei de te agradar 
Eu sei!
Na minha vida não cabem sapatos
Nem sedas e brocados
Desesperei... 
Desanimei com tanta intransigência
Não sou de muita paciência 
Eu sei!
Segui o caminho inverso
De quando entrei
E sairei!

Retiro-me de tua vida
Espero não voltar
Não voltarei!
Não sou mulher para a vida 
Dos outros abrilhantar
Eu sei!
Ao sair de tua vida
Dessa vida de aparências
Minha vida, acabaste de abençoar

"É preciso saber como e quando
é que chega a altura de encerrar
certos capítulos nas nossas vidas.

A palavra "lambada" está entre parenteses
porque há sinais que antecedem toda a forma
de violência antes que ela se revele em
ações e aconteça."


Dedicado a todas as mulheres que sofrem de
violência doméstica, física e psíquica.


Até ontem

Ana Rosa

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