quarta-feira, 27 de maio de 2015

Castelos



CASTELOS

Castelos são como sonhos
Sonhados à beira mar
Não tardará venha uma onda
E o sonho que era castelo
Nada dele restará!

Numa ou outra esquina qualquer
Está uma qualquer mulher
O que veste é revelador
De uma mulher qualquer

Sem quaisquer receios
Passeia-se numa calçada 
Conhece bem o trilho 
Pisado todas as noites
Conhece as pedras que pisa
Espera sempre alguém

Naquele momento não pensa
Não tem memórias
Esvaíram-se com o tempo
Não tem relógio 
Vende-se de hora em hora
Antes de ontem, ontem e agora
Num e qualquer momento

Naquele momento
É tudo e não é ninguém
Seu olhar é distante
Não tem noção de quem passa 
Ou com quem vai 
Vende-se sem alma!
Ausenta-se de si
Naquele momento
É unicamente corpo

Seu olhar é frio
Mas seu corpo quente
Ausente de sentimentos
Há sempre alguém,
Disposto a pagar bem...
Por um mero momento
Momento de engano
Momento de farsa
Momento sem encantamento
Vende o corpo por dinheiro

O prazer ela disfarça...
Pensam eles que compram tudo?
Podem comprar tudo,
Mas não compram a sua alma!
São mentes brilhantes
Mestres da pretensão e astúcia
Que nada valem
Vidas feitas de incompletudes...
Também clientes da calçada!

Vive neste submundo da calçada
Para ultrapassar barreiras 
E algumas necessidades
Enorme carência de amor
Sua alma sente falta
De ser amada e abraçada

Não devia estar ali
A vida virou-se contra si
Num dia controverso... 
À hora errada...
E tudo o que idealizou
"ficou pelo nada"

Já bem de madrugada
Naquela odiada calçada
Ouve as ondas do mar
Antes de subir as escadas
Sentou-se...
Lembrou-se da sua meninice
Recordou castelos à beira mar...
A tristeza invadiu-lhe o coração

De mãos no rosto
Chorou amargamente
"tenho saudades de mim, com alma"
Subiu as escadas
Entrou em casa
Na sua cama adormeceu só

Sonhou!
...nenhum castelo foi destruído
Seu rosto abriu com uma gargalhada
Acordou com o seu sorriso 
Olhou-se no espelho... 
Viu a felicidade da sua alma!
Foi atras dela!

Até Ontem

Ana Rosa

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