sábado, 23 de junho de 2018

Profundidade




Profundidade

(...) O cair da noite
Crepúsculo dos lugares
côncavas faces
Profundos olhares
Pestanejastes,amargos
lágrimas sem rostos
rostos sem faces
encobertas no choro das grades
que magoam e amaçam...
Mãos que se pendem 
na queda d’um abraço
Passo cansado 
sombra que passa sem rasto
Sino que badala 
toque rombo, em rudes frases
silêncio que fala, no luar que cala
indefinido sabor, 
adoça, encarraspa e amarga
quebra-se a cada espasmo que passa...
Fim de um dia passado
o subir quebrado, uma escada
uma espécie de luz
um túnel, uma vela que se apaga
o vento que passa
porta entre aberta, janela fechada...
Palavra dispersa, volúvel
em boca retomada
saliva que grita
o respirar de cada fugitiva palavra...
Espelho quebrado
face desfigurada
o principio da madrugada
e tudo começa de novo
face enrugada
expressão que fala e morre na alma
impondo a profundidade
entre a linha do horizonte...
Onde tudo morre e de novo nasce
onde tudo começa e acaba. (...)


Ana Rosa


Arte Sérgio Martinez




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