Fica
(...) Um dia te mostrarei
Como minha vida é e tem sido
Casa não tenho, na rua vivo!
D’alma adormecida
Entre sombras baças,
da luz escondida...
Jamais tive sonhos!
Vazia deles terei nascido!
Tal como a esperança,
ausente e fugidia
Sem dela ter lembrança!
O lugar de onde venho,
Não tem cor nem desenhos
Não é o que toda a gente descortina
É ausente, sem magia
Sem pássaros, ninhos vazios
repleto de penas...
Nada tem, que se pode chamar
de poesia!
Mundo se me abriu já imerso,
Está longe dos que só o olham apenas!
Sem rima, sem verso
Grita de dor, magoado o poema!
Quando minha mão tocar a tua
Tão vazia como a minha...
Quando me olhares
Ver-te-ei logo de seguida...
Há algo que nos iguala
de forma indefinida...
Almas gémeas, genuínas,
até a mais infinda partícula.
Um despertar da verdadeira origem
Para estarem unidas,
vieram de muito longe
Talvez de outra vida...
Para que naquele preciso momento
se questione o que fazer
com as vidas feridas...
Ou saram agora
ou não irão sarar nunca...
Mas se não sararem
Tomarei as tuas feridas
e tu, tomarás as minhas...
Minhas dores serão tuas
e as tuas serão minhas...
Não sei de onde vens,
nem para onde vais!
Mas podes acreditar que se te perder,
Procurar-te-ei com meus sentidos
Se partires,
não te vás sem que me leves contigo
Por isso nunca partas,
Fica
Faço parte de ti
és e serás o meu outro lado
a minha outra metade...
Sem ti jamais poderei sorrir
Caminharei, só e perdida
Porque partes de mim?
Se por ti, eu minha vida daria...
Fica!
Não vás ainda
Porque da rosa que me desenhaste,
Com teu mágico lápis
na terra a plantei
Estão florindo cravos !...(...)
Ana Rosa
Arte Kemal Kamil
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