Reclamação
(...) Se alguém disser que me conhece
exibirei um sorriso mordaz.
Nem tão pouco após séculos e séculos
de tal feito fui capaz!
Se disser que me viu passar, negarei
e quem tal privilégio teve, já lá jaz e descanse em paz!
Nunca caminhei em frente,
passei a vida entre os muros do medo
na constância do meu próprio recuar.
Será a pura visão alucinada de mim
Estou e reclamo o que sou,
o meu espaço, o meu lugar
a minha ausência tão presente,
como flor morta antes da primavera
a fazer desabrochar.
Fugaz de lugares... perto e longe
nesta existência, onde reina a fome sem dor
anestesiada de piedade negra
quente numa ânsia voraz
tragando a ambiência moribunda e vasta.
Ninguém me conhece como eu me desconheço!
Na invisibilidade me exponho
sem nome, sem dom ou preço
não me compro nem me vendo
tendo como graça o obséquio reunido
cloreto de sódio, água e albumina
Lágrimas que benzem almas de todos os que desistem.
cujo apelido de batismo se dita e cita como vencidas. (...)
Ana Rosa
Sem comentários:
Enviar um comentário