sábado, 23 de junho de 2018

Minhas palávras



Minhas palavras

(...) Quero que minhas palavras
saiam à rua de focinho levantado
de pelo escovado, felizes e satisfeitas
Abanando o rabo...
E que todos as leiam p’lo janelo aberto
nunca entreaberto, 
muito menos fechado
Quero passeá-las em liberdade
Delas não tenham receio 
Gostam de farejar em buracos
caçar alguns ratos.
maiores que coelhos
Confesso que não mordem,
mas por vezes ladram.
Arreganham o dente,
eriça-lhes o pelo, 
a quem as olha de lado!
Delas não tenham medo.
São obedientes, dão a pata, 
rebolam no tapete!
Sem açaime e sem trela.
São minhas… 
São de raça pura e com chip
Têm registo de proprietário, 
médico veterinário e seguro
Desde que de mim nasceram
sempre foram e estão vacinadas
contra a raiva.
Tomam banho, são asseadas
De pelo tigrado curto, 
Macio sem metáforas.
Não têm pulgas nem carraças. 
Mensalmente são desparasitadas 
Confesso que largam pelo p’la casa
Nada que uma boa faxina não faça 
São meigas, gostam de festas
Não as maltratem! 
Sujeitam-se a sofrer a dor 
o saber ler a sério 
o poder d’uma verdadeira (palavra) dentada!
Quando lhes é magoado o rabo,
seus caninos estão mais que afiados! (...)

Ana Rosa Cruz







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