quarta-feira, 11 de maio de 2016

Paixão





PAIXÃO

Por não vos merecer,
Convosco, deixai-me parecer
De vós me considero indigno
Perante o saber vosso, senhora,
Inclino-me e vénias far-vos-ei
Como temente e carente mendigo!

Abençoada mestra do universo
Da adivinhação e sabedoria
Do movimento astral
Dos céus e do inferno
Do bem e do mal
Rainha do zodíaco
Afrodisíaco dos impotentes
Fármaco dos fracos e oprimidos
De espada em punho
Impõe seu cunho... à morte
Deixando-a em cada batalha,
Mais fraca que forte!

Por vós, darei minha pobre vida
Deixai senhora minha
Que em vossa vida, seja bem vindo
Recebei este vosso mísero vassalo
Que porá em vossas mãos o seu destino!

Do vosso sorriso, sempre peregrino
Porei num altar vossa bela imagem
Louvar-vos-ei cantando hinos
Em rituais de vassalagem
Vosso servo serei e só a vós servirei!
Serei sombra da vossa imagem
Dela me sentirei refém
Senhora do aquém e do além

Condenai-me...
Fazei sentir-me infeliz
Por aquilo que por vós não fiz
E p'lo que erradamente fiz!
Com vossas sentenças
Expressai vossas próprias leis
Com severas emendas...
Fazei com meus atos
Verdadeira jurisprudência
Com máscara colérica de juiz!
Condenai-me ao eterno cárcere
Prendei-me, p´lo que nada fiz!

Com vosso olhar azul turquesa,
Mantenhai-me indefeso, senhora
Numa cela acorrentado
Com apertadas algemas!
Apertai-as de tal modo
Que por vós, de dor padeça!
Prestar-vos-ei eterna vassalagem
Fazei de mim vossa submissa presa
Alguém com valor secundário
Que por vós, tem um amor inigualável
Um subalterno da vossa sabedoria
...e imagem!

Até ontem

Ana Rosa



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