NAU CATRINETA
Presenças pasmas
Lendária viagem, impensada
Para alcançar, uma e qualquer margem
Numa caravela obsoleta,
Cujo nome tem por ser, Nau Catrineta
Mastro quebrado
Velas esfarrapadas pelo vento
Navega nas ondas do sofrimento
Presença sem contrapeso
Navio fantasma do capeta
Transporta agonias, medos e tristezas
Balanças desequilibradas,
Agonizante desterro,
Sem que se saiba bem seu termo
Sempre os mesmos passageiros
Mas todos lá cabem dentro!
Agarrados a classificados do desespero
Que a todos despromove e deprecia
Empregados domesticados
Licenciados com mestrado e doutoramento
Assim se ganha hoje, "aqui",
O pão de cada dia...
O espelho da casa dos segredos,
Quebra-se ao ver partir, quem nele se mira
Já não tem "cunho"
Não plagia a alegria,
Mas somente incerteza e disputas
Tentam passar o Cabo da Boa Esperança
Num silêncio barulhento da revolta,
Por recusa de tal herança...
Que não mata, mas tortura as entranhas
As lâminas da latitude e longitude
Desafiam as leis do pensamento
Imperiosas em desmembramentos
Espalham-se pelo mundo,
Cabeça, tronco e membros
Como inquietantes fragmentos...
Corajosamente, questionam pouso
Desbravando futuros, afoitamente
Sem astrolábio, bússola ou rosa dos ventos
Verdadeiras memórias futuras...
Arquivadas no arquivo do esquecimento
Como um simples documento
No imponente monumento, da Torre do Tombo...
Muitos, aí procuram ainda,
" o Ovo de Colombo"...
Nas turvas águas banho
As minhas entranhas do esquecimento
Para nunca esquecer,
Mas lembrar sempre, tempos como estes!
A doença da moda não é o esquecimento
Mas sim a lembrança constante
Do triste momento onde nos diziam,
Há bem pouco tempo;
"Não viaje para fora, viaje cá dentro"
Até ontem
Ana Rosa
Sem comentários:
Enviar um comentário