segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Não me digas a ningém



Não me digas a ninguém....

Quando eu morrer, não digas a ninguém que foi por ti!
Cobre o meu corpo frio com um desses lençóis; 
Que alagámos de beijos quando eram outras horas,
nos relógios do mundo
Leva-o depois para junto do mar;
Onde possa ser, apenas mais um poema, que eu e tu escrevemos,
Com nossos corpos delirantes...
Assim que a madrugada se encostava aos vidros 
Tinha medo de me deitar só com a tua sombra... 
Deixa, que nos meus braços pousem então as aves... 
trazendo entre as penas 
a saudade de um verão carregado de paixões
Planta à minha volta uma fiada de rosas brancas; 
Um cordão de árvores, que perfurem a noite.;
A morte deve ser clara, como o sal na bainha das ondas;
A cegueira sempre me assustou!
Ceguei de amor, 
mas não contes a ninguém que foi por t!
Quando eu morrer, deixa-me ver o mar; 
Lá do alto de um rochedo e não chores, 
Nem toques com os teus lábios a minha boca fria. 
E promete-me, que rasgas os meus versos;
Em pedaços de tiras tão pequenos, como pequenos foram sempre
os meus ódios!... 
Depois, lança-os ao mar
Parte sem olhar para trás, nem uma única vez: 
Se alguém, os vir brilhar ao longe na poeira,
Cuidará que são flores que o vento despiu!
Estrelas, que se escaparam das trevas!
Pingos de luz, lágrimas de sol, 
Penas de um anjo, que perdeu as asas por amor.

Publicado por Ana Rosa Cruz

Maria do Rosário Pedreira

Arte:Mariska Karto




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