quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Portas do Sol





PORTAS DO SOL

Rodam as portas do sol
Nossa carcaça obriga-nos a comprar
O ingresso para o patamar da noite.
Sem pedir licença,
Passamos por uma arcada
Por estrelas iluminada
Que nos incendeiam e apagam a voz
Rompendo a virgindade das palavras
No suor da rude almofada.
Sonhamos claramente a escuridão
Somos a ira fuzilada pelo trovão
A mortalha da sombra tombada
Observamos a negrura dos dias
Sem penas macias
Numa imaginária e rígida retaguarda
O esplendor da mentira da humanidade
No rosto fusiforme do palhaço,
Abrindo seu sorriso ao mundo exterior,
Amassando no interior a sua dor
Que finge esquecer de revelar
A miséria mística
Dos minutos que as horas embalam.
O mundo, transforma-se
Na cor de todas as cores.
O centauro colorido,
Coroado de sonolência
O tal sonho hipotético que compramos
Como uma promessa de eternidade
Na sua aspereza natural
E tão especificamente mortal
Na garganta que a noite em si entala
Retrato em movimento,
Da carne sonolenta queimada
Até que nasça o dia,
Depois do dia, depois da noite lenta
Sem nos prometer que ao nascer
Seja da mesma cor.
O novo dia é visto,
Por quem o deseja e quer ver
Torna-se um cliché de banalidades
Como as portas do sol, emperradas,
Meio abertas, meio fechadas...

Até ontem

Ana Rosa

Arte: Mariska Karto







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