CASA NA RUA
Ao entardecer...
Vai começar a andança
Dolorosa de viver
Procura descodificar vultos
Em estado canónico, anónimo
E questiona-se a sua preferência
Por aquelas andanças
Dissolve-se o silêncio na noite
As ruas tornam-se frias
Acalmam-se as idas e vindas
Em ruas imundas
Iluminam-se as pedras sujas da rua
Aí o vício abunda
Adocicada mistura
Vestida de forma nua
A vislumbrar a tortura
De fome com fartura
Solta-se a penúria...
Fecha-se à chave na rua
Mistura-se com a atmosfera húmida
Procura-a na circunstância dum lugar
A encontrou vagueando no tempo
Naquela rua vazia
Tão sorumbática e só!
Acordam as almas do vício
Castigam seus corpos
Já rasgados ou delidos
Cumprem regras
Do alinhamento do astro maior
Num movimento de incompreensão
Em torno de si mesmo
Também nada se questiona
Os corpos, hoje...
Já não passam da inércia.
Manhã acorrentada
Na sua órbita alcoolizada
De manhã serão corpo
Do eterno vómito
De quem à noite
De nada se privou!
Entornam-se nas calçadas
Ajudam-se a parir em ideais
Inevitavelmente...
A toda a hora, nascem
E morrem estorvos
Encostados a escombros
Que lhes servem de encosto
Na zoeira desta rua
De preliminares!...
Até Ontem
Ana Rosa
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