quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Fosso




FOSSO

(...)E de repente lembrei-me
Que ainda sabia sorrir
Soltei o freio da alma
Deixei-a renascer e florir
Desembrulhei-me da roupagem
Que no fosso me aconchegava
Libertei-me da enrolada corda 
Que meu pescoço apertava
Arregacei as mangas da linguagem
Despi a indumentária do rigor
E a maquilhagem que me mascarava
Que me tornava um ser crispado
Absurdamente diário
Tudo estava invertido
No concreto do avesso
Voltei, para de novo começar
O que deixei ficar inacabado
Agora sem "aspas" no meu andar
Vesti-me de cor de carne
O gargalhar de mim, abriu portas
Ao meu insonso rosto
Finalizei a pena como reclusa
Que a mim mesmo me condenei
Caminho a par com a nudez
Faço parte de mim e de todos
E de coisa nenhuma
Não me devo a ninguém!(...)

Até Ontem

Ana Rosa Cruz

Arte:Mark Spain





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