PALCO
De si própria sentia nojo
Trilhava o caminho da perdição
Descia ao fundo do poço
Assobiavam-na...
Quando por ela passavam
Olhavam-na...
Com olhares de gozo
Não podia dizer não
Vestida como estava
A ninguém enganava
Era um retrato falado
O do submundo da noite
Que o dia marginalizava
Tudo condizia
Com a função adotada!
Negro arrojado
Maquilhagem insinuada
Meias de liga
Sapatos de salto alto
Andar provocante.
Balançava-se
Atraía o desejo
Com o seu passo do pecado
Vendia um pouco de si
Por uns míseros trocados
Irrevelada tristeza no coração
Fraqueza que não mostrava
Em cada chamada
Um olhar lacrimado
Que apressadamente retinha
A luz da lua tinha pena
Da sua triste sina
E esconde-se numa nuvem
Ruas desertas e escuras
Encobrindo o seu papel
Nesse palco da vida
Que na vastidão da noite
Tem o estatuto de puta
Até ontem
Ana Rosa - Nov. 2015
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