quarta-feira, 30 de março de 2016

Olhar de Tréguas




OLHAR DE TRÉGUAS 

Encalhado com descontento
Restos sistémicos
De si e em si têm assento... 
Corroía-se ao balançar 
Lambia as feridas do tempo 
Que sarar não queriam... 
Roendo caroços do tempo
Ouvia-se o ranger de dentes 
Entrando pela noite dentro 
Como navio de casco rombo 
Já sem qualquer conserto... 
Que a dor abandonou ao relento.

A areia esvaía-se pelos dedos 
Em suas mãos frias... 
Fechava os olhos
Cerrava os dentes
No anoitecer dos medos. 
Abandonava-se, 
Nas profundezas de si mesmo... 
Já nada temia! 

Até ontem

Ana Rosa



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