AMAR A DOIS
Prende-me...
Nas teias do teu querer
Por ti, deixar-me-ei prender
Com teus fetiches
Pérolas, veludos e sedas
Aprende a ser mais subtil
Ama-me...
Faz-me sofrer com subtileza
Minha beleza abrilhantas
Pensas em nós,
Como algo inalcançável
Com aspereza dela desdenhas
Molda-me à tua dura imagem
Incandescente olhar que arde
Como chama desalinhada
Como luz dominadora.
Atos implacáveis, cruéis palavras
Tornando-te luminosa brasa
Que me queima
E fustiga minhas entranhas
Pela noite dentro
Ao raiar da madrugada
Meu corpo já manso, descansa!
Nas marcas do cansaço
Sinto teu cheiro
Nos lençóis amarrotados
Marcas d'uma alma expurgada
De forma implacável
Contigo me quero parecer
Sem ser digna de o merecer
De joelhos, a ti me inclinarei
A ti vénias te farei
Em rituais de vassalagem
Tua serva serei
Só a ti servirei!
Sombra da tua nobre e alva alma
Refletindo tua nobreza como imagem
Condena-me...
Faz-me sentir infeliz
Por aquilo que não fiz!
Tuas deliciosas sentenças
Expressam tuas próprias leis
Fizeste com teus atos
Verdadeira jurisprudência.
Com máscara colérica de juiz!
Prende-me...
Com teu olhar azul turquesa
Mantem-me indefesa
Com tuas apertadas algemas
Faz de mim tua submissa presa!
Molda minha alma de raiz
Peço-te perdão
Por tudo o que não fiz
Com teu olhar de nobreza
Faz com ele um poema de riqueza
E que nele tudo se encaixe
Amor, ódio, desejo, dor e raiva
Ordena-me...
Que feliz eu te faça!
Feliz serei
Se me presenteares com rosas
Nos meus caminhos e atalhos
Sem que os espinhos lhe tires
Para que bem ouças
As dores do meu calvário!
Grito que se solta
Do meu íntimo ferido
Minha carne sangra
De dor e incessante prazer!
É assim meu amor
A razão do nosso viver
Grita-me e bate-me
Serei tua submissa
Mas não me expulses de tua vida
Sem te ter, acabariei por morrer!
Dá-me em tua vida guarida
Em tuas mãos me entrego
Minha vida será a tua vida!
Onde não existe hipocrísia
Somente negra mascarilha!
Até ontem
Ana Rosa
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