segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Erva daninha





ERVA DANINHA

Já não há chama evocativa!
Pobreza!
Já ninguém dela se livra
A palavra já nada honra
Do que antes nos dizia
Há só troca de sons e sílabas
Atulhados em dívidas

Foram-se os presentes de natal
Alegria de nossas vidas
Lembrado como vaga fantasia
Resta só o silêncio dos inocentes
Com unhas cortadas rente

Com palavras em rodapé
Somente lemos lamentos
Com sons de maus odores
Nosso entendimento é pequeno
As armas já não combatem
Como o faziam antigamente
Trocam-se as noites pelos dias
Abrem-se alas a um crepúsculo
De inércia e que nos paralisa
Asfixiados por escuridões
Com falta de energias
Só a escuridão faz companhia

Uma vela, ilumina uma santa
Num escaparate enegrecido
Um passado em que se acreditava
Que mais noite não haveria
Como se fosse uma profecia!

De pensamentos em fuga
Massa cinzenta que se ausenta
País em que o pão não cresce
Falta-lhe fermento
Há fome
Somente quem a sente entende
Ronca em nossas barrigas
Fome de tudo e nenhuma fartura
Gordura deixou de ser formosura.

Sem uma expressão de alegria
Faz-se contas à vida
E muitos se questionam
Se ainda teremos amanhã
O pão nosso de cada dia

Exalta-se a pobreza
Ela própria tem vida
Exalta-se a arte do poeta
Pensares poéticos
Em prosa ou poesia
Pensares de melancolia
Com expressão pouco garantida
De poesia não se enche a barriga
Porque sò palavra é vianda fria
Ter filhos!
Vago pensamento no horizonte

Saem em ruas de amargura
Com grafonolas e bandeirinhas
Enganando quem já não vive
De João Ratão, Carochinha
E Alice no país das maravilhas!

Abriu-se a coutada...
Caçadores de odre cheio
Caçam quem de barriga vazia
Sem letras de rodapé
E sem nos dar a entender
Nossa ignorância política
Toda a verdade dita
Não passa de mentira
Semente daninha enraizada
Que por mais que se corte
Sempre germina!

Até ontem

Ana Rosa - 04.10.2015




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