quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Herança



Herança

(...) ...Casa deserta, existência de vida própria
Mil ecos que acordam, o abrir e fechar de janelas,
o ranger de uma porta.
Murmúrios terminados, vindos de todos os lados
Ao longe, o arvoredo dorme calado
Todos os sons a mim chegam,
timbrados, num transitório coado...
Há presenças de coisas sós,
únicas na história de cada voz...
Longe do tempo, despertam recusas as sombras
Há espaços vazios, cheios de poemas profundos
que poderiam até ser os mais puros e lindos.
Há sonhos que terminam, ecos por encontrar!
E eu, ficarei aqui, à espera de certezas,
num devagar balouçar...
Enquanto lá fora, 
as sombras passam e voltarão a passar
Vejo-as, sem as poder  olhar...
Elas tocam-me... Sinto-as... sem lhes poder tocar!
O vento entre as árvores nuas,
entoa esquecidas melodias.
Nunca nelas existiu amor, nem infantis alegrias
Hoje são o nada... o vazio!
Pensamentos, somente pensamentos
Hoje, uma dor fugaz, a presença de um abismo,
onde a morte jaz...
num amargo e inesquecível infinito. (...)

Ana Rosa






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