Herança
(...) ...Casa deserta, existência de
vida própria
Mil ecos que acordam, o abrir e
fechar de janelas,
o ranger de uma porta.
Murmúrios terminados, vindos de todos
os lados
Ao longe, o arvoredo dorme calado
Todos os sons a mim chegam,
timbrados, num transitório coado...
Há presenças de coisas sós,
únicas na história de cada voz...
Longe do tempo, despertam recusas as
sombras
Há espaços vazios, cheios de poemas
profundos
que poderiam até ser os mais puros e
lindos.
Há sonhos que terminam, ecos por
encontrar!
E eu, ficarei aqui, à espera de
certezas,
num devagar balouçar...
Enquanto lá fora,
as sombras passam e voltarão a passar
Vejo-as, sem as poder olhar...
Elas tocam-me... Sinto-as... sem lhes
poder tocar!
O vento entre as árvores nuas,
entoa esquecidas melodias.
Nunca nelas existiu amor, nem
infantis alegrias
Hoje são o nada... o vazio!
Pensamentos, somente pensamentos
Hoje, uma dor fugaz, a presença de um
abismo,
onde a morte jaz...
num amargo e inesquecível infinito.
(...)
Ana Rosa
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