A NOITE
(...) Coral negro, de macieza iluminada
Suave aroma doce, no cheiro do sonho
Vertiginosa entrega cismada...
Verdadeiro puro-sangue na flor da idade
Poema rezado, entre cortinas da boca do poeta
Trazendo em seu ventre quimeras de lava
Cavalgando na garupa do vento
Precipitando-se no incerto
Como trovão atravessando a tempestade
Buraco negro, húmida sensualidade...
Flui nela, leveza encantada e insinuada
Som da folhagem, que o vento teima em tocar
Pássaro passageiro, tenta teimosamente ficar
No interior macio do espaço, saciando a sede,
daquele momento, prolongando seu sereno estar...
querendo algo desencantar...
Histórias que teimam em se esconder
em tal lugar por desvendar...
Ardor da lua enamorada, acariciada p'las sombras
reflete sua etérea e volátil imagem no soluçar do luar
Que de vergonha não tem nada.
Sem que se invente!
Sem que se tente!
Instinto feroz de negrura selvagem e viciada
nas brumas do seu corpo, de cor púrpura opaca...
Vai-se servindo de frivolidades, como sombra vadia...
Solta no espaço, repleta de trofeus no corpo tatuados...
Sensação de agreste vaga, na garganta da terra
molhada e sentida...
Arranhada de negra cor na saliva
Ergue-se por si dentro, numa febre incerta
sem tempo e lugar...
Tal âncora levantada!
Com coalhada lágrima, finalizando um lamento,
nas profundezas do mar, depois de beijada...
no amanhecer derramada...
Mansidão negra na pele do astro, estagnada
Novelo do tempo nunca com perícia dobado
Num campo de sonhadoras orquídeas
ainda por acordar, presa a humedecido laço...
nos lábios da noite, que já morre de cansaço. (...)
Até Ontem
Ana Rosa Cruz
Arte : Ettore Aldo Del Vigo
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