Choro
(...) O silêncio acorda letras, nas páginas d'um livro,
após o poeta ter adormecido…
Navega agora sua barca só ondulante nas margens d’um rio
Seu olhar dilatava-se sobre todas as coisas
e nelas pousava atento e faminto…
Jorrava sangue vivo em seu lábio mordido
vezes sem conta lhe manchou, o batom do sorriso…
Como quem procurava almas,
em exaltado e clandestino lirismo
Afloram agora gestos de dor
incontidos
ao longe, ouvem-se desabafos
estremecidos
Vestem-se as palavras de negros gemidos
São elas que choram em poema,
naquele tempo contado, mas nunca na memória varrido
por quem lhes deu um dia, vida,
amor e sentido.
O poeta adormeceu, mas nunca seu poema esquecido!...(...)
Ana Rosa Cruz
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