O VENTO
Ana Rosa
(...) Sopra o vento nos lameiros,
Numa cólera furiosa
Lamuriando em voz seca e grossa,
Com atitude grosseira e déspota
Numa exaltação apressada
De chegar primeiro antes da hora
Num arrufo de quem beija e morde
Partindo vidros das janelas
Abanando de fúria, as portas.
Aprumado de bengala e cartola,
Com forte ventar no traquejo
Como barbeiro de Sevilha
Cortando rente,
Barba, cabelo e bigode às horas do tempo.
Soprando hinos de vitória
Como enlouquecido imperador
Tentando com seus brios,
Imitar um tenor e sua performance
cantando ópera.
Está à porta uma nova estação.
Setembro acabou por se apear,
nela agora!
Consomem-se horas mortas
Entre folhas encarquilhadas,
Amarelecidas e tortas.
Começa o fervilhar de desejo
Que se vá o verão embora!
É tempo de espera,
Em livro, cartilha ou ardósia
Escrita com carvão ou giz
Com muitos anos
Por muitos já lida e aprendida
Na esfera da escola das horas
Não deixando de ser sempre
...a mesma e eterna história!... (...)
Ana Rosa
Arruda dos Vinhos - Portugal
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