sábado, 10 de março de 2018

O Vento






O VENTO

Ana Rosa

(...) Sopra o vento nos lameiros, 
Numa cólera furiosa
Lamuriando em voz seca e grossa, 
Com atitude grosseira e déspota 
Numa exaltação apressada 
De chegar primeiro antes da hora
Num arrufo de quem beija e morde 
Partindo vidros das janelas
Abanando de fúria, as portas.
Aprumado de bengala e cartola, 
Com forte ventar no traquejo
Como barbeiro de Sevilha
Cortando rente, 
Barba, cabelo e bigode às horas do tempo.
Soprando hinos de vitória
Como enlouquecido imperador
Tentando com seus brios,
Imitar um tenor e sua performance
cantando ópera.
Está à porta uma nova estação.
Setembro acabou por se apear,
nela agora!
Consomem-se horas mortas
Entre folhas encarquilhadas, 
Amarelecidas e tortas.
Começa o fervilhar de desejo
Que se vá o verão embora!
É tempo de espera,
Em livro, cartilha ou ardósia 
Escrita com carvão ou giz 
Com muitos anos
Por muitos já lida e aprendida
Na esfera da escola das horas
Não deixando de ser sempre 
...a mesma e eterna história!... (...)

Ana Rosa

Arruda dos Vinhos - Portugal 




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