Arte Kemal Kamil |
Filhos meus
(...) São meus, os filhos da noite!...
Sem os ter desejado, ou querido
Vestidos de pele rasgada e uivo ferido
Conheço seus trilhos, seu latido
Seus minutos e segundos
Seu olhar negro triste e perdido,
Famintos sorrisos moribundos
Sem céu e terra, sem presente,
passado e futuro!
São navios de papel encalhados
Nas correntezas d'um rio
No punho do meu verso acolhidos
Como anjos caídos salvos no beiral d'um abismo
Todos eles surgiram da noite,
num devagar desnutrido
Ao seu açoite fugindo
Um a um, lhes reconheço os passos
As marcas do passado
Seu desejo de horizonte
Seu trémulo riso
Deles reconheço de cor o rosto
Diferentes sentidos
Seus modos diversos, ao cantar alegres cantos,
com tristes versos...
Fugindo do vazio, frutos de uma quimera
De longas horas de espera
São meus, sem os ter parido
De mãos unidas hoje,
Esperamos cada manhã, orando a mesma reza!... (...)
Ana Rosa Cruz
Conceição Cruz
Crcruz61@/Direitos reservados ao autor
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